Eu não sou pessimista. Sou apenas um médico que conhece bem o doente.
Eu não abandonei a vida política, nem deixei de votar, por capricho. Mas porque constatei que o doente já não tinha cura.
Portugal, neste momento, é um doente em fase terminal ligado ao ventilador da UE. Se desligarem o ventilador, o doente morre. Se continuar ligado ao ventilador, o doente vai-se mantendo vivo, mas como um vegetal.
Antes de vir a troika, ainda acreditei que Portugal se pudesse regenerar com uma intervenção externa. Mas depois foi a própria troika a reconhecer que o doente já não tinha cura. A única solução era deixar o ventilador ligado… E foi o que fizeram.
Eu fui professor durante 26 anos, sou advogado há 30, fui vereador em duas autarquias diferentes, fui militante do PSD durante mais de 30 anos, fui presidente de clube, associações, director de um jornal, agricultor e vivi em nem sei quantas vilas e cidades de Portugal. Conheço bem com funcionam as autarquias, as associações, os clubes, o Governo e a Justiça e como raciocina o cidadão comum português.
Quando olhamos, agora, para o caso de Reguengos de Monsaraz, não sei o que é mais chocante. Se os dirigentes locais serem todos do PS, se a suprema hipocrisia de quem se finge escandalizado com isso.
É assim em todo o país. Mas se conhecerem esses socialistas de Reguengos de Monsaraz, vão constatar que são tão socialistas como eu. São socialistas, porque a câmara é socialista. Se fosse comunista, eram comunistas e se fosse PSD, eram do PSD.
Na esmagadora maioria dos portugueses, só muda o rótulo (uns são PS, outros PSD, CDU, BES, CHEGA!, SLB, FCP, ou SCP) e com vista a agradar a quem lhe pode dar alguma coisa em troca. Mas o conteúdo e o sabor são, rigorosamente, os mesmos.