A TAP tem uma “prenda” de Natal para os emigrantes. Neste período um bilhete da TAP em económica, à data de 8 de Novembro, custa 400 euros por pessoa, incluindo crianças, por voo de Londres para Lisboa. Contas por alto, isso significa que uma família emigrante de quatro pessoas que queira vir passar a consoada natalícia e ano novo a Portugal teria de pagar 3200 euros, repetimos 3200 euros para o fazer: 1600 euros para ir, uma vez iniciadas as férias natalícias das crianças e antes do Natal, mais outros 1600 para regressar depois do ano novo, mas antes da escola começar.

São quase três vezes o salário médio nacional bruto, ou cerca de cinco salários médios líquidos nacionais. Mesmo tendo em conta que os emigrantes ganham um salário médio inglês que é quase o dobro do português estamos a falar de cerca de três salários líquidos ingleses mensais para uma família emigrante portuguesa poder vir a Portugal na TAP. Uma impossibilidade absurda que mostra que a TAP é um sorvedouro de dinheiros públicos, alienado da realidade das famílias emigrantes e empresas internacionais da área.

Na Wizz, Easy Jet ou Ryanair, por exemplo, o mesmo voo, dado o período em questão, não é low cost nesta altura e custa cerca de 150 euros por pessoa. Uma família de quatro membros paga 600 euros para ir e outros 600 euros para regressar. Uma diferença abismal com, por exemplo, o fim de semana antes das férias do Natal, onde ainda se encontram voos low cost a 15 euros. No total, durante as férias do Natal, são 1200 euros, um pouco menos que um salário mensal inglês médio líquido, para vir de Londres celebrar o Natal com a família em Lisboa para quem comprar os bilhetes agora. Um esforço difícil mas realizável para matar saudades da família e da pátria quando, finalmente, as viagens voltam a ser possíveis com as fronteiras mais abertas e os requerimentos de testes, formulários e quarentena muito mais aliviados no período pôs pandémico.

Mesmo a British Airways, que não é Low Cost e está vários furos acima da TAP em qualidade de serviço, conforto e pontualidade, segundo a maior parte dos índices internacionais, leva cerca de 200 euros pelo mesmo voo para Lisboa que a TAP cobra quase ao dobro, a 400 euros. No total, para a mesma família de quatro elementos, ir e vir a e de Portugal na British Airways são cerca de 1600 euros, do mesmo aeroporto (Heathrow), nos mesmo dias e nas mesmas horas que os voos da TAP a 3200 euros.

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Foi, pois, pela British que o autor deste artigo optou e onde comprou os seus bilhetes familiares, dado que o ligeiro preço acima das low cost, ao contrário da TAP, compensa na qualidade. Efetuei essa compra no mesmo dia em que também consultei os preços natalícios da TAP e de todas as outras companhias áreas que voam diretamente para Lisboa no Natal e Ano Novo: 8 de Novembro de 2021. Forneci ao jornal Observador os print screens das viagens todas, excepto o da minha viagem na BA, por motivos de privacidade, mas que asseguro e posso comprovar que ficou em cerca de 1350 libras.

A TAP conseguiu assim o “milagre” natalício de ser a mais cara de todas as companhias que voam diretamente de Londres para Lisboa e de se considerar, ridícula e desajustadamente tão topo de gama, que quer cobrar o dobro que uma verdadeira companhia área topo de gama, a BA. A TAP é nociva para a esmagadora maioria das famílias portugueses emigrantes, para quem os preços são ofensiva e impossivelmente caros, apesar de subsidiados com impostos dos portugueses, e é inútil para muitas famílias das classes média e alta residentes no Reino Unido, portuguesas ou inglesas, que preferem a British Airways. Ninguém, por muito dinheiro que tenha, paga 300% a mais para ser mais mal servido.

Talvez esses voos da TAP só tragam familiares de empregados da TAP, empregados consulares, da embaixada, do Estado e governantes. Tudo pago principalmente pelo Estado ou com descontos do Estado para um público selecionado pelo Estado. Na realidade a TAP não serve para mais nada senão para se auto servir e servir lucros privados com dinheiros públicos. Se não descer estes preços irrealistas prova que está irremediavelmente fechada numa redoma surrealista despesista só possível de sustentar com milhares de milhões de euros públicos.

Por que é que tais preços absurdos e ofensivos acontecem contra as famílias emigrantes portuguesas e turistas ingleses que queiram vir a Portugal no Natal e Ano Novo? Há muitas razões que se poderiam apontar, desde a re-nacionalização da TAP por Costa e um seu amigo vindo de Macau, tão absurda e desnecessária como estes preços natalícios. No entanto uma razão adicional em particular é que o poder no PS e no governo está a transferir-se cada vez mais para a nova geração ex-JS.

Somos já muito (des)governados não só pelo primeiro-ministro e seus amigos mas também pelo futuro líder do PS Pedro Nuno Santos. Este, tal como o seu ídolo Jose Sócrates, também não sabe o que é ser regrado, ter de poupar e viver com um orçamento familiar, quanto mais fazer um orçamento internacionalmente competitivo para uma empresa de aviação. Igualmente não faz ideia dos preços que uma companhia deve cobrar para ser competitiva no mercado em vez de simplesmente auto-destrutiva. Santos conduz porsches que argumenta serem possíveis devido a riqueza familiar vinda do pai; curiosamente como Sócrates argumentava também supostamente usufruir de tal riqueza; por exemplo casas suburbanas da mãe no Cacém transformadas em casas de luxo no centro de Lisboa (a magia da política consegue muita coisa em Portugal). Santos, quando não conduz os seus carros de luxo familiares anda de motorista do Governo em carro topo de gama pagos pelos contribuintes a 190 Km/h até fora de autoestradas, segundo uma reportagem da SIC recente. Não é de surpreender que tal ministro, que vive do Estado a tão alta velocidade, ache normal a expectativa surreal da TAP de que as famílias emigrantes, trabalhadoras, tenham ou queiram pagar 3200 euros por viagens a Portugal no Natal.

Conclusão: gastam-se milhares de milhões de euros públicos numa companhia área que, pelo menos na Europa, não serve para nada nem serve as famílias emigrantes portuguesas. Esperemos que a administração da TAP e o ministro Pedro Nuno Santos ganhem vergonha e baixem os preços absurdos, reduzindo os custos, a tempo de deixarem muitas famílias emigrantes a vir a Portugal visitarem os familiares que, através dos impostos, pagam a TAP, bem gerindo e servindo os seus clientes em vez de esbanjar tola e irresponsavelmente o nosso dinheiro sem nada em troca.