Vamos ver se é desta que a gravidade do ciclo sempre crescente dos problemas do ensino deixa de afundar o país no seu conjunto. Não falta dinheiro para a boa gestão das carreiras dos professores, apoios dignos aos alunos com necessidades educativas especiais ou ensino da música, obras nas escolas públicas, entre outros. Só falta juízo.
As ideias de professor e de escola resultantes da ditadura mental de Esquerda das últimas décadas parecem finalmente esboroar. É o momento de se lançarem os fundamentos da reforma estrutural que tem de começar pela separação entre a Educação (prerrogativa primordial da família) e o Ensino (prerrogativa primordial do Estado). Enquanto os portugueses se submeterem ao «Estado Grande Educador», o seu rosto é o nada meigo Ministério da Educação, continuar-nos-emos a afundar num já longo ciclo de esvaziamento da Sociedade por via do esvaziamento da família, uma vez que o Estado permite-se usurpar uma característica elementar da razão de ser da família: educar os filhos.
Uma Sociedade cujas elites alimentam o seu esvaziamento pelo Estado de forma tão primária, agravada a cada nova geração escolarizada, vai sendo conduzida no sentido inverso da Liberdade e da Prosperidade. O ciclo é reversível pelo princípio da autonomia institucional entre a família/educação e a escola/ensino, as duas instituições nucleares por onde passam todos os indivíduos e que determinam o destino coletivo. Daí que o Partido Chega o tenha proposto no Parlamento, o que implicava a decisão da substituição simbólica do Ministério da Educação pelo Ministério do Ensino. Nenhum partido político cedeu, incluindo o PSD e a Iniciativa Liberal.
É por isso que só não existe unanimidade em Portugal no caminho rumo à Ditadura e à Pobreza porque o Chega coloca-se fora do grande consenso do regime que vai do BE à IL e inclui PS, PSD, PCP, Livre e PAN. Extraordinário!
Assinalo outro absurdo do tempo que vivemos. Todas as instituições existem, por um lado, para cumprir uma missão específica delegada pela sociedade e, por outro lado, apenas fazem sentido se regularem as atitudes e comportamentos dos seus membros. O não cumprimento de um dos pressupostos gera inevitavelmente instituições falhadas.
Torna-se fácil compreender o fator estrutural da crise do ensino. A escola tornou-se numa instituição nuclear falhada por se arrastar há décadas dominada pela indisciplina, com o correr do tempo multiplicada também em violência. Isso porque se investiu muito e muito em cima de pressupostos institucionais grosseiramente disfuncionais, o que amplia os problemas. Não deve haver fórmula mais eficaz de matar uma instituição.
A Esquerda que acusa terceiros da intenção de implodir o Ministério da Educação, é ela mesma especialista em fazer implodir escola-a-escola e com sucesso notável. O ensino está em conflito porque a relação entre a tutela, a classe política fechada no Ministério da Educação, e as escolas, os professores do terreno, tornou-se numa inevitável relação de inimigos. O mal não é de hoje, mas é historicamente inédito quando se pensa a escola na longa duração. Produto do histerismo e alienação esquerdista.
Jamais se corrigirá a raiz do problema do ensino, a devolução da dignidade aos professores e às escolas públicas pelo Ministério da Educação, enquanto não se resolver o problema crucial da indisciplina dos alunos. Por vezes dá a ideia que nem os próprios 150.000 professores entendem o coração do problema, o que faz dos professores vítimas de si mesmos. E o problema pode ser resolvido desde já se os professores quiserem. Têm a faca e o queijo na mão. Rogo para que não deixem passar esta oportunidade histórica de oferecerem aos portugueses uma escola pública decente para, depois, os próprios professores receberem o justo retorno em termos salariais e de carreira.
Mas infelizmente ainda vejo repetida a dose cavalar de incompetência, dentro e fora das escolas, de não se perceber que a insatisfação laboral dos professores é apenas a ponta do icebergue. Dias e semanas passam e insiste-se em discutir o acessório ignorando o essencial: metade dos professores vive em sofrimento físico e psicológico! Se os próprios professores não passarem a interpretar a dimensão do sofrimento que lhes foi imposto ao longo de décadas pela tutela ministerial e política como uma hecatombe social, é porque a loucura coletiva vive tranquila entre nós e germina a partir das salas de aula.
Num mundo com sanidade mental, não seria necessário cada um de nós ter metade da sua família em sofrimento físico e psicológico para compreender no que há muito se transformou o quotidiano dos professores nas salas de aula e escolas às mãos das utopias pedagógicas/ideológicas do PS, PCP e BE.
Apesar de não haver inocentes, uma sociedade que se recusa a enfrentar tamanha desgraça merece uma luta sem tréguas dos professores. Não colocar no centro do debate sobre o futuro do ensino que existe uma classe profissional inteira, de cerca de 150.000 membros, em luta pela mais elementar dignidade humana e decência civilizacional, a sua sanidade mental e física, é ignorarmos que estão em causa seres humanos.
Um ministro da Educação que conduziu os professores e a escola pública a este estado, e respetivos antecessores, não merece sobreviver politicamente. Há momentos em que a história tem de mudar para sempre.
O problema do martírio físico e psicológico tem causas e solução objetivas que o Chega vai colocando em discussão no Parlamento. O retorno é o patético cordão sanitário ao Partido. Estou a referir-me a um órgão de soberania, a Assembleia da República, que se está marimbando para a natureza do sofrimento dos professores e para a gravidade do desastre social que isso representa.
Todavia, desvio o texto da causa dos problemas do ensino, mesmo sabendo que é aí que reside a verdadeira solução dos problemas. Siga a moda e olho para as consequências. Mais uma vez, o debate público continua longe do alvo.
Faltam milhões de euros ao ensino porque, na transição do século XX para o XXI, os currículos do ensino básico e secundário (o número de horas semanais que se encerram os alunos nas salas de aula) foram crescendo de forma significativa. Ao crescerem tornaram-se pesados, anárquicos, cansativos, muito maus.
Só isso já era grave. A questão é que a experiência gerou um ensino bem pior é muitíssimo mais caro. Ao brincar às reformas ao longo de décadas, a Esquerda agravou em milhões de euros a despesa pública no ensino e nunca nenhum ministro da Educação ou partido político foi responsabilizado. Agora não há dinheiro para as carreiras dos professores, alunos do ensino especial ou da música, obras nas escolas, por aí adiante. E os portugueses que paguem enquanto se enganam os professores com promessas vãs.
Bastava ter colocado a questão da qualidade dos currículos escolares em discussão pública, o que quer dizer reduzir o número de horas que os alunos passam nas escolas, e tinham-se preparado a sustentabilidade financeira que evitaria o ponto a que hoje se chegou. Desde a Reforma do Ensino Básico e Secundário proposta pelo Chega em 2021, mas sobretudo desde abril de 2022 no Parlamento, que insistimos na irracionalidade pedagógica e financeira dos currículos. Resposta: cordão sanitário ao Chega!
Não é só ignorância ou má vontade. É cegueira, maldade, irresponsabilidade puras e duras. É o estado da nação. O primeiro e principal a fazer vista grossa ao assunto tem sido o ministro da Educação, João Costa. Em sete anos de governo, o próprio ministro tem sido mais um a cavar o fosso financeiro do ensino e, atolado, ignora como sair dele. É penoso que os portugueses tenham de assistir à destruição da escola pública em que tanto investiram afetiva e financeiramente, e sem haver ao longo de décadas quem os defendesse com o mínimo de racionalidade.
Acrescente-se outro detalhe. Dos cerca de 7 mil milhões de euros do orçamento anual do Ministério da Educação, como em qualquer ministério ou serviço público, há muito os portugueses deveriam saber qual a percentagem desse montante efetivamente chega às escolas, aos professores de sala de aula, aos alunos e, por outro lado, qual a percentagem que fica presa na estrutura burocrática e administrativa do Ministério da Educação.
O exercício bastaria para saber por que razões e como extinguir organismos ministeriais ou associados nos quais proliferam parasitas dos dinheiros públicos, a casta do eduquês doutorada em inventar teorias e inutilidades talhadas para destruir o ensino.
Enquanto o combate ao Estado-Parasita não entrar na agenda política e mediática, não haverá solução sustentável para os problemas da carreira dos professores e demais subfinanciamento da escola pública. Entretanto, tudo à volta definha ou cai de podre, como os edifícios escolares por todo o país, mas essa é a forma de garantir que o poder central, o Ministério da Educação e respetiva casta educativa, sobrevivam.
Felizmente que Portugal continua a ser um país com um potencial enorme. O problema resume-se à classe política e sindical. Para Portugal ter futuro, basta que as atuais tutelas políticas não tenham. Isso está nas mãos de cada professor e de cada português. Não é complicado. O Partido Chega andará por aí.