O ano de 2020 já é passado! Todos ansiamos o seu epílogo o mais rápido possível! Foi um ano duro, vivido numa anormalidade única, devido à pandemia Covid-19, causada por um coronavírus de seu nome SARS-CoV-2. À custa disso, várias gerações desconheciam o que era viver em confinamento, limitação e controlo de deslocações e movimentos, limitação de direitos e com a pobreza a “bater à porta”.
Quando os estimados leitores lerem estas linhas, estaremos já a viver com pleno direito em 2021. Carregamos todos, muita esperança para este novo ano, que em situação de vida normal, vamos querer compensar tudo o que não fizemos em 2020. O que não vivemos em 2020. Queremos, desejamos e merecemos todos um novo ano 2021 muito melhor e que nos possibilite vivê-lo sem grandes limitações. A chegada da vacina contra a Covid-19 veio dar trazer-nos algum conforto e esperança.
Mas… a chegada da vacina, só por si, não vai impedir, para já, que continuemos a usar a máscara, a lavar adequada e frequentemente as mãos (como deveria ser sempre), o distanciamento social e toda a etiqueta respiratória. Entretanto, milhares de cidadãos serão vacinados com esta nova e inovadora vacina. E daqui a um ano estaremos todos muito mais felizes. Contudo, e apesar da vacina, o estado da pandemia exige ao poder político e aos governantes prudência nas palavras e nas atitudes, sem grande ruído nem mediatismos ocos.
Portugal iniciou a vacinação contra o SARS-CoV-2. Momento importante e ímpar da ciência, trazendo benefícios para a sociedade portuguesa, europeia e mundial. Este momento traduzir-se-á num ganho em saúde, no contexto da pandemia que se vive agora e, quiçá, noutras doenças/infecções oportunistas. Este é também um momento político, onde o governo da União Europeia soube estar à altura do desafio.
Este momento político “caseiro” de aproveitamento desmesurado do Sr. Primeiro-Ministro e da Sra. Ministra da Saúde é que me parece desajustado. Embora seja politicamente importante e os governantes devam estar presentes, este excesso serve todo um “teatro” para desviar atenções e encobrir as fragilidades e dificuldades do Governo a vários níveis. Ainda mais desconfortável, por ver os profissionais de saúde das várias classes a serem usados para esta “passerelle política”. Mas, se por um lado, os profissionais de saúde e os enfermeiros, particularmente, cumprem o seu dever de cuidar de pessoas e executarem as técnicas e procedimentos que só são da sua competência, fazem-no também sob uma tremenda pressão, num volume acrescido de trabalho, com serviços superlotados, Equipas desfalcadas, cansadas, esgotadas e desmotivadas.
Entre outros simbolismos e comemorações, 2020 foi também o Ano Internacional do Enfermeiro, decretado pela OMS. Mal se imaginava, que precisamente este ano de tão nobre comemoração iria colocar os enfermeiros, a nível mundial, na linha da frente. Como em todas as batalhas, muitos destes “soldados” enfermeiros pereceram no combate. Em muitos países do mundo, e particularmente na Europa, inúmeros governos souberam valorizar, reconhecer, honrar e homenagear os enfermeiros. Em Portugal aconteceu precisamente o oposto, onde o Governo do Dr. António Costa e das esquerdas ostracizou os enfermeiros, em nada os reconhecendo neste ano simbólico, não tendo nenhuma atitude política e continuando a prejudicá-los, apesar do ano anormal e de comemoração como atrás referimos.
Chegados aqui, vamos ser positivos. Desejar que com a vacinação seja atingida a imunidade de grupo. Que as ruas e praças se voltem a encher de pessoas. Que os avós possam sentir os abraços apertadinhos dos netos, que os jardins possam assistir ao passeio, abraços e beijos dos namorados e amantes apaixonados e que os turistas voltem a visitar o nosso Portugal.
Deixo uma certeza a todos: em qualquer contexto de necessidade de cuidados de saúde, os enfermeiros de Portugal nunca deixarão ninguém sozinho, ainda que, de dia ou de noite, sejam os únicos à cabeceira da cama.