Passaram poucos dias após  a vitória da vida sobre a morte, na votação contra a eutanásia. Foi uma vitória justa, e ficou claro que apesar do contexto parlamentar ser muito propenso a votar todas as leis que atentam a dignidade do homem, desta vez prevaleceu a consciência dessa dignidade, da responsabilidade que é cuidar e decidir sobre o caminho da humanidade numa sociedade que queremos integradora. A eutanásia é sempre um erro do proclamado progresso civilizacional. A experiência de outros países tem demonstrado que uma vez aberta a porta, vão-se abrindo outras e torna-se imparável a entrada de novas emendas, novas possibilidades, novas razões.

Em Portugal convém salientar que houve neste processo, um fenómeno muito importante: fomos portugueses! De todas as classes sociais, de todos os quadrantes políticos, de todas as religiões, de todas as idades, de todos os cantos do país. Fomos Nação! E demos a Portugal mais uma taça, desta vez a vitória da Vida. Merecem o nosso mais profundo agradecimento os deputados que votaram contra uma caminho sem retorno e a toda a sociedade civil que participou no nosso trabalho de intervenção cívica.

Estamos agora mais preparados e fortes para lutar pelos mais frágeis, por melhores cuidados de saúde para todos. Esse será o nosso grande objectivo.

Sabemos que Portugal é um pequeno país, à beira mar plantado, mas que soube sempre olhar o horizonte e ver mais longe. Somos um país que tem nove séculos de vida, e com uma História muito particular que deixou em todo o mundo a grandeza da sua Alma e por isso por todos é conhecido, os seus valores tão nobres.

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Precisamos por isso de voltar a agarrar nesses valores e resgatar a nossa Alma!

Sabemos igualmente que somos um país integrado numa comunidade que é a Europa. Estamos conscientes disso e muito temos de agradecer pelo apoio que tantas vezes recebemos dos nossos “irmãos”, mas não podemos esquecer que somos portugueses, e nunca é demais recordar que  temos uma História, uma narrativa, uma identidade única, com uma memória que deve ser lembrada, preservada e atualizada.

Sempre fomos corajosos, sempre soubemos integrar os estrangeiros e novas culturas, sendo grande parte de nós estrangeiros noutros lugares. Temos muito para dar.

Por tudo isto e muito mais, queremos ser lembramos no futuro como aqueles que no século XXI reverteram uma cultura que desvaloriza a vida, retomando o que de melhor somos capazes, ou seja ser um povo corajoso, inovador, criativo e inventivo ao serviço do Bem.

Isto é o que define a Alma de um Povo.

Membro fundador do movimento cívico Stop eutanásia