Os resultados recentes do PISA 2022 não deixam margem para dúvidas: a educação em Portugal está em crise. Não podemos continuar a ignorar o declínio acentuado no desempenho dos alunos, um retrocesso que nos conduziu a patamares preocupantes de aprendizagem.
Por esse motivo, é crucial redefinir o paradigma educacional no nosso país. Devemos recentrar o pensamento e ir buscar inspiração nos fundamentos clássicos da educação, defendendo o rigor, a exigência e a disciplina como alicerces primordiais do sistema educativo. Acredito que o abandonar desses valores tradicionais, que moldaram as sociedades e foram negligenciados em prol de conceitos modernos, ao invés de elevar, tenham contribuído de forma decisiva para este declínio.
Nesse sentido, se quisermos regressar a patamares de aprendizagem que nos orgulhem, é fundamental que retornemos ao cerne da educação: o conhecimento. A escola deve ser um espaço onde o saber é transmitido e avaliado de forma eficaz. Termos abandonado este propósito tem-nos trazido maus resultados. Considerar que as chamadas “soft skills” podem sobrepor-se à necessidade fundamental de dominar áreas de conhecimento essenciais é uma palermice modernaça que, como se tem visto sobretudo nos últimos anos, nada de positivo tem trazido à educação. Dessa forma, há que garantir que a avaliação deve ser um reflexo genuíno do domínio desses saberes, não uma mera formalidade.
Acredito que o resgate dos currículos sólidos, consistentes e uniformes é fundamental. A constante mudança de direção nos conteúdos programáticos confunde tanto alunos quanto professores, contribuindo para a desorientação do ensino, minando a profundidade e a coerência necessárias para uma verdadeira aprendizagem.
Perante este cenário, é importante ressalvar a responsabilidade que os professores têm nesta mudança de paradigma. Não a podemos subestimar. É unânime o reconhecimento de que o papel do professor é crucial na formação das futuras gerações de um país, pelo que, para que cumpram essa missão de maneira eficaz, é urgente reverter o desinvestimento na escola pública e resgatar a valorização da classe docente. O apoio adequado aos professores é uma prioridade que não pode continuar a ser adiada como tem sido pelos sucessivos governos.
O primeiro passo a ter em conta é o de abandonar a ideia de que a escola é meramente um terreno para equalização social. Pois, ao tornar a escola num centro de terraplanagem social, diluímos o seu propósito primordial: ensinar. A obsessão por eliminar retenções e desigualdades à entrada e à saída da escola, trazida pelo Partido Socialista com a ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, obscureceu o foco na aprendizagem genuína e foi o principal contributo para o atual declínio que o país apresenta nas provas internacionais.
Todos sabemos que a pandemia certamente teve o seu impacto nas aprendizagens, mas não podemos continuar a atribuir-lhe quase exclusivamente a culpa por este panorama dramático. Como disse, o declínio começou antes, com a ideia da escola depósito a tempo inteiro, e foi acentuado durante esse período. Parece-me inegável que as políticas educativas equivocadas dos últimos 8 anos, com Tiago Brandão Rodrigues e João Costa, também contribuíram para esse cenário.
Portanto, é urgente um novo rumo na educação em Portugal. É tempo de valorizar o conhecimento, resgatar a avaliação justa e sólida, apoiar os professores e estabelecer um sistema educacional consistente e firme. É hora de olhar para o passado para construir um futuro promissor para a educação. Qual será o partido que terá coragem para este complexo trabalho?