Impressionante. Tanta expectativa em torno da vacina da farmacêutica Pfizer contra a COVID, que terá uma eficácia de 90% e, afinal, bastou a comunicação social eleger Joe Biden como Presidente dos Estados Unidos da América para que milhares de pessoas saíssem à rua para festejar, sem qualquer espécie de preocupação com máscaras ou distanciamento social. Aparentemente, a COVID acabou naquele preciso momento, mercê de um tratamento 100% eficaz, à base de doses cavalares de hipocrisia. Milagre!

E como diz o famoso ditado norte-americano, “Quando veio este milagre que Biden fez, vieram logo dois ou três”. Assim, a vitória de Joe Biden, decretada pela comunicação social, conseguiu ainda a proeza de fazer desaparecer dos Estados Unidos, instantaneamente, todo e qualquer vestígio de racismo, brutalidade policial e vontade indomável de derrubar o capitalismo por via de pancadaria, motins e pilhagens. Deve ser a isto que chamam o “excepcionalismo americano”: os EUA são a única nação do mundo em que mudar um funcionário público resolve, de imediato, todos os problemas do país.

Além do mais, a pseudo-eleição de Biden foi também óptima para a indústria dos consumíveis para churrasco. Isto tendo em conta que, do dia para a noite, a bandeira americana deixou de ser a acendalha predilecta dos manifestantes anti-Trump e passou a ser desfraldada com indisfarçável orgulho pelos recém patriotas democratas. Isto sem contar com o facto de, já em Março último, a acusação de assédio sexual feita a Joe Biden por uma sua ex-funcionária ter acabado, na hora, com o movimento Me Too. Irra, é muita mudança fomentada por uma pessoa só. Para mais tratando-se apenas de um eventual Presidente, até ver, eleito somente pela comunicação social.

Mas o que importa agora é que o sistema judicial americano se deixe de questões jurídico-fascisto-picuinhas, tipo querer certificar-se que todos os votos foram legais, e confirme Biden como Presidente. Tal como a comunicação já ordenou que se fizesse. E, aí sim, os EUA poderão retomar o caminho trilhado pela saudosa dupla Barack Obama-Joe Biden, que levou o país às taxas de desemprego mais baixas de sempre entre afro-americanos, hispano-americanos e ásio-americanos. Não, espera. Isso foi o Trump. Mas eu sei que o dueto Obama-Biden também alcançou um feito inédito deste calibre. Já sei. Obama e Biden conseguiram foi a taxa mais alta de crescimento do emprego na indústria das últimas três décadas. Assim é que foi. Ou não? Não. Estou a fazer confusão outra vez. Isso também foi o Trump. O que o Obama e o Biden fizeram de espectacular, foi, isso sim, matar o Bin Laden. Exactamente. Isso não há dúvida que foram eles. O ponto alto da vice-presidência de Biden foi mandar matar um indivíduo.

Bom, e porque desde 1989 estamos órfãos da queda de muros carregados de simbolismo, anseio pela tomada de posse de Joe Biden. A verdadeira, não a já noticiada pela comunicação social. Desejo ver o, quiçá, novo Presidente a brandir, com uma mão, uma marreta com a qual derrubará o muro de Trump na fronteira com o México enquanto, com a outra mão, liberta as crianças emigrantes detidas pelas autoridades americanas naquelas infames jaulas. E se a primeira parte deste sonho dificilmente se tornará realidade pois Joe Biden não vai para septuagenário novo, a segunda é bem provável concretizar-se. É que as ditas gaiolas foram construídas no mandato de Obama. E portanto Biden, enquanto Vice-Presidente, terá por certo uma cópia da chave.

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