Este texto tenta reflectir o visionamento que por mim feito foi feito, das mais de 100 sessões ocorridas em Versailles entre Dezembro de 2022 e Maio de 2023, durante a chamada Convenção de Paris onde, sob os auspícios da ONU, a esmagadora dos países do Mundo se juntou para exigir compensações financeiras à República Popular da China pelo colapso económico que se seguiu à pandemia do covid-19.

Como sabemos, desde que a pandemia atingiu os EUA – Março de 2020 – que o antigo Presidente Donald Trump atribuiu à RPC a responsabilidade pelo aparecimento e propagação do referido covid-19.

No entanto, nos trabalhos preparatórios desta Convenção Mundial foi retirada a acusação da criação dolosa do vírus, tendo ficado provado que o mesmo surgiu derivado das faltas de condições de higiene nos mercados de comida em Wuhan.

Nesse ponto o ex-Presidente Trump não tinha razão. Mas, à vista de todos, está estampada a negligência criminosa com que o Governo chinês tratou do assunto, deixando passar dois meses até fornecer o conhecimento que detinha sobre o vírus (e da sua capacidade de destruição) ao resto do Mundo.

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Em Versailles não estiveram presentes membros do Comité Central da RPC (da data ou de agora) uma vez que, sobre eles, impendem mandados de captura internacionais.

Os interesses chineses ficaram a cargo da ONU, cujo Secretário-Geral, Tony Blair, recentemente eleito, acolheu com agrado.

Dois dias depois do início da Convenção, chegou o Presidente Sanders dos EUA. Ao contrário do que muitos por esta Europa pensavam, Sanders não é um internacionalista. É, aliás, um feroz defensor das políticas isolacionistas que, iniciadas por Trump, têm conduzido ao cada vez maior isolamento da América face ao resto do Mundo. A braços com uma crise sem precedentes no seu próprio país, Sanders aposta tudo nas compensações que pode exigir à RPC e assim poder relançar a sua economia, bem como poder voltar a investir numas forças armadas que perderam efectivos e viram descer a fatia que lhes cabia no Orçamento de Estado, embora continuando a serem as mais fortes do planeta.

A Rússia, que continua a afirmar não ter sido prejudicada pelo vírus, solicitou apenas o estatuto de observador, mas Putin exige ser ouvido – e é – em todas as decisões importantes.

A União Europeia, que depois da Grã-Bretanha perdeu já a Holanda e a Dinamarca, não consegue ter uma voz única nesta Convenção. Todos, com a Itália à cabeça, querem sugar até ao tutano a riqueza da China, que, como se sabe, não parou de crescer desde Março de 2020.

Esta última baseia a sua defesa em: 1) O vírus veio da natureza; 2) A RPC não negou a sua existência, mas precisou de tempo para avaliar a situação; 3) A RPC não tem culpa que os outros países não tenham tomado as medidas correctas atempadamente.

No lado da acusação — da qual não fazem parte a Rússia, a Coreia do Norte e a Venezuela – todos concordam: 1) A RPC deliberadamente tentou ocultar o facto, de forma a não ficar isolada internacionalmente prejudicando com isso a sua economia; 2) A RPC acabou por beneficiar em grande escala do colapso da grande maioria dos países industrializados, pois conseguiu adquirir a preços irrisórios as suas indústrias, bem como grande parte do sector financeiro e da comunicação social.

Depois das infindáveis reuniões, ficou estabelecido o seguinte: 1) O valor das perdas – até ao momento, uma vez que o continente africano está ainda a sofrer os efeitos do vírus (e é onde a mortandade foi mais elevada) – é de 63 triliões de Yuan, a nova moeda forte.

A Convenção vai voltar a reunir em São Francisco, EUA, a partir de Setembro de 2023 para, sob os auspícios americanos, decidir como dividir o bolo e como o cobrar (e quais as condições de pagamento) uma vez que a China, apesar ter reclamado partes significativas da dívida norte-americana em seu poder (provocando a desvalorização do dólar) detém ainda valores significativos da mesma. Além das questões económicas existe o problema de impor sanções a uma potência nuclear que conta com um Exército de milhões de efectivos e com uma Marinha que controla já uma parte considerável do oceano Pacífico.

O Papa Francisco, líder da Igreja Católica (cujo número de fiéis tem vindo a aumentar exponencialmente desde a pandemia) e que não se fez representar em Versailles, apelou a todos os homens e mulheres de boa vontade para que ajam com bom senso, lembrando que em Mateus 18:23-35 Jesus comparou o Perdão ao cancelamento de uma dívida.