A poucos dias do primeiro debate para as eleições primárias no Partido Socialista, António José Seguro, atual secretário geral do PS, não poupa críticas ao seu oponente, António Costa. “Não faço acordos privados numa noite de São João ou de Santo António. A democracia não é isso”, afirma, numa entrevista ao jornal Expresso, publicada neste sábado, acusando Costa de se associar a Rui Rio, membro do PSD.
Seguro referia-se a uma entrevista de António Costa em que este dizia que o seu principal adversário não é nem o atual secretário-geral do PS, nem o primeiro-ministro mas Rui Rio, ex-autarca do Porto e em que em certos círculos do PSD é desejado como futuro líder do partido.
António José Seguro disse nunca se ter sentido tentado a fazer um acordo com o ex-autarca da cidade do Porto, que, neste momento, trabalha como consultor. E classificou a declaração de Costa como arrogância: “De uma enorme arrogância. Costa não só criticou esta crise no interior no PS como está a dizer quem é o candidato da direita!” Os seus adversários são, disse, Pedro Passos Coelho e este Governo, “que é preciso que acabe o mais depressa possível o seu mandato pois está a destruir o país.”
Perante as acusações de Costa que passou na vida política sem deixar marcas, Seguro diz que ambos estão em pé de igualdade, devido a ambos nunca terem sido primeiros-ministros. E, aliás, Costa é uma “desilusão” para “todos que julgavam que vinha aí um salvador, um D. Sebastião.”
Mesmo com a falta de apoio de alguns notáveis do Partido Socialista para as eleições primárias do dia 28 de Setembro, António José Seguro diz estar confiante na vitória, lembrando que existem muitos portugueses a incentivarem-no a continuar com o seu “projeto de mudança para o país”. “No século XIX é que havia o partido dos notáveis, que se juntavam e punham e dispunham. Mas o valor da república não é a separação entre cidadãos de primeira e de segunda; numa república todos os cidadãos contam por igual”, justificou. Questionado de existe um preconceito contra si, Seguro passou todas as responsabilidades para o jogo político de António Costa. E rejeitou qualquer rótulo de “homem de aparelho”.
O estado de espírito de António José Seguro relativamente a António Costa torna-se muito claro quando lhe é dirigida a seguinte pergunta: Se vencer as primárias, conta com António Costa no dia seguinte? “Se me está a perguntar se o vou expulsar do partido, não. Conto com ele como presidente da Câmara de Lisboa, onde deve cumprir o mandato para o qual foi eleito.”
Sexta-feira à noite em Montalegre, distrito de Vila Real, Seguro mostrou-se otimista. “E sabem porque é que ninguém nos vai parar? Porque na República todos nós temos o mesmo voto e o voto de um agricultor em Montalegre é precisamente igual ao voto de um doutor em Lisboa”, salientou.
“Não, desta vez é a vez do povo. É a voz do povo que nós precisamos fazer ouvir. Desta vez vamos dizer de norte a sul, das regiões autónomas ao interior de Portugal, que há uma mudança que está nas nossas mãos e que não vamos deixar perder a oportunidade”, sublinhou.