No sprint final da campanha para as eleições primárias do PS, a semana começou com fortes chuvas e inundações em Lisboa, que deixaram António Costa debaixo de fogo. De quem foi a culpa? Do Instituto Português do Mar e da Atmosfera? Da maré alta? Da autarquia? Há poucas respostas certas para isto, mas a verdade é que os estragos provocados pelo mau tempo entraram pelas primárias, que se votam já no próximo domingo.
Comentando – sem o fazer – as inundações da capital, António José Seguro disse ao jornal i que, “ao contrário do que António Costa fez”, não iria “dizer nada” que pudesse “prejudicar o seu mandato como presidente da Câmara de Lisboa”. Mas ontem à noite, num jantar comício em plena cidade de Lisboa, território do adversário, o tema voltou à baila.
João Soares, apoiante de Seguro, foi quem puxou da cartilha, lembrando como em 2011 “se encolheram todos” depois de o PS ter tido “um dos piores resultados de sempre na sua história”, e como António Costa disse, na altura, que a sua “vocação era a Câmara”. “Provavelmente já estava a prever as inundações de hoje“, disse, para acrescentar de seguida que, provavelmente, “não estava cá”.
António Costa estava em Coimbra, também para encabeçar um jantar comício, e quem estava ontem em Lisboa era Seguro, que aproveitou a ocasião e o facto de ter levado cerca 1.300 pessoas ao evento na capital para criticar “a corte que se instalou no Terreiro do Paço”. E para lembrar que Costa “já se via à janela do município a olhar para Belém mas com um pé na Câmara de Lisboa e outro no Largo do Rato”.
Já António Costa foi questionado pelos jornalistas às portas do evento que tinha agendado em Coimbra. E apontou baterias ao facto de a chuva ter coincidido com a “maré alta“. “Quando coincide a ponta da maré com uma ponta de precipitação anómala, é evidente que os sistemas que estão calculados para um determinado caudal não têm capacidade para responder perante um caudal anómalo”, disse, acrescentando que a situação já estava “ultrapassada”.
Antes, ao final da tarde, o vereador da Câmara Municipal de Lisboa Carlos Manuel Castro tinha responsabilizado o IPMA por falhar nas previsões meteorológicas e tinha dito que o dispositivo de resposta da câmara teve de ser preparado à pressa. “Houve uma grande precipitação. As informações que nós tínhamos do IPMA não iam nesse sentido, portanto a cidade teve de se prevenir à última da hora, uma vez que não tinha sido lançado aviso laranja para o distrito de Lisboa”, disse.