Marcelo Rebelo de Sousa acredita que Passos Coelho chegou a um ponto em que pode estar “a caminho do fim”, uma vez que a crítica à comunicação social “não é um bom sinal” quando dito por um primeiro-ministro.
No comentário habitual na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa comparou a crítica de Passos Coelho às feitas por Cavaco Silva, quando este lembrava as “forças de bloqueio” ou até as feitas por Mário Soares e José Sócrates. “Normalmente é um sinal de caminho para o fim”, disse. Para Marcelo, estas palavras – Passos Coelho chamou alguns jornalistas de “preguiçosos” nas jornadas parlamentares do PSD/CDS – são um “sinal de alguma debilidade” e o facto de uma pessoa “tão racional” como Passos o fazer “não é um bom sinal”.
Mas Passos Coelho continuou a ser alvo de Marcelo ainda por outras questões, sobretudo no que diz respeito à escolha do candidato presidencial a apoiar pelo PSD. Marcelo Rebelo de Sousa descarta Durão Barroso como candidato presidencial, defendendo a tese que o ex-presidente da Comissão Europeia “não tem as condições ótimas para ser candidato presidencial”. No xadrez presidencial, Marcelo põe-se (meio) afastado dizendo que quem tem “melhores condições” é Santana Lopes.
Ainda falta mais de ano e meio para as eleições presidenciais, mas é tema recorrente nas conversas de Marcelo Rebelo de Sousa. Este domingo à noite, o comentador falou sobre um dos nomes mais apontados para ser o candidato apoiado pelo PSD: Durão Barroso.
Disse Marcelo que o português sai da Comissão Europeia marcado “pela crise quer na Europa quer em Portugal” e que a crise estar associada à troika que ficou “marcada no subconsciente dos portugueses”. E este é um cenário negativo para Barroso que lhe retira as condições especiais para ser o candidato presidencial. “Dez anos depois, mesmo que não houvesse razões pessoais que o levasse a não ser candidato, não teria condições políticas que tinha em 204 quando se olhava para o futuro e se dizia que ele era um bom candidato”. E se dúvidas houvesse referiu que Barroso “não tem as condições de 2004 e não tem condições ótimas para ser candidato presidencial”.
Barroso já disse que ia tirar uma “licença sabática” no pós-Comissão Europeia e afastou, pelo menos para já, uma candidatura presidencial. E se Durão não tem condições, afinal quem tem? A resposta sai rapidamente: Santana Lopes. “Beneficiou do que aconteceu a Durão Barroso. É um beneficiário objetivo. É, no centro direita, quem tem mais hipóteses de concentrar o apoio da direção do partido e do centro-direita”, disse.
Quando questionado sobre se isso lhe retira hipóteses de ser candidato presidencial, Marcelo atira para Santana, não falando de si, dizendo apenas que “se ele tem as condições melhores do centro-direita do ponto de vista das lideranças partidárias, quer dizer que os outros não têm”.
Esta é uma resposta indireta aquilo que Passos Coelho disse às distritais, em que avisou que quem andasse a falar contra o partido, não teria o apoio pessoal do primeiro-ministro e presidente do PSD. Contudo, as eleições presidenciais não são eleições partidárias, pelo que esta declaração de Marcelo tem de ser vista também desta perspetiva: vários foram os candidatos que ao longo dos anos concorreram sem o apoio do partido. O caso de Manuel Alegre em 2005, por exemplo.
Antecipar ou não antecipar
Marcelo Rebelo de Sousa defende que sim, que as eleições legislativas devem ser antecipadas e sobretudo por causa da aprovação do Orçamento do Estado para 2015. “Não tem a ver com outras questões. Apesar de assim entrar em vigor em plena campanha para as presidenciais”, diz Marcelo.
Mas Marcelo acha que Passos Coelho não se devia preocupar com uma questão “que está fechada” mas sim “se há ou não coligação para o ano”. Diz o comentador que aquele que der um passo no sentido de se afastar do outro “será punido”. “Estão condenados a ir juntos”, termina.
E aí volta a enviar uma indireta ao citar Santana Lopes, “uma opinião que merece ser citada uma vez que é o candidato presidencial preferido, defende que deve ser o mais tarde possível”. Mas para Marcelo esse adiamento da decisão por mais uns meses pode até ser prejudicial: “Quando lá chegarem em que estado estará a coligação?”, questiona.