O secretário-geral da UGT deixou esta quarta-feira um aviso ao primeiro-ministro sobre as implicações de o Governo acolher algumas das recomendações feitas pela OCDE sobre relações laborais. “Se o Governo pudesse de algum modo aceitar as recomendações da OCDE, o diálogo social sofreria uma machadada de morte”, disse Carlos Silva durante o discurso de encerramento do seminário comemorativo do 36º aniversário da UGT.

Dirigindo-se ao primeiro-ministro, que assistiu ao encerramento do seminário, Carlos Silva disse acreditar que as sugestões da OCDE relativas às relações laborais, como a “destruição da contratação coletiva, o fim das portarias de extensão, a discussão salarial ao nível de empresa, não serão acolhidas pelo Governo português”.

Carlos Silva acentuou que a UGT pode discordar do Governo em muitas matérias, reivindicar um “alívio fiscal” já em 2015 e defender que a redução da despesa do Estado não pode passar “por cortes cegos” mas impôs como condição para a continuação da sua participação no diálogo social a rejeição de qualquer iniciativa para acolher as recomendações da OCDE.

Sem responder diretamente a Carlos Silva, Passos Coelho disse que o Governo tem procurado “investir no espaço da concertação social”, considerando que “independentemente das diferenças, temos aliados estratégicos que são aliados honestos”.

O primeiro-ministro disse ainda que o debate sobre crescimento e austeridade que existe desde o início da crise é “infantil”, uma vez que “apresenta um desejo positivo sobre as coisas sem atender à realidade”. “Não há ninguém na Europa que não queira crescer”, continuou Passos Coelho, defendendo que “não foi por falta de financiamento que Portugal não cresceu nos últimos 10 anos”.

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