A Polícia Judiciária (PJ) está a fazer buscas a residências e escritórios dos membros da antiga administração do Banco Espírito Santo, liderada por Ricardo Salgado, avançou esta manhã o Correio da Manhã. Os agentes da PJ já abandonaram a casa de Salgado, depois de cerca de quatro horas de diligências.
Ao Observador, fonte da Polícia Judiciária disse que estão a ser feitas “60 buscas domiciliárias e não domiciliárias” no âmbito da queixa apresentada pelo Banco de Portugal (BdP) em meados de setembro. Há 200 homens no terreno. A queixa surge na sequência de uma auditoria forense à gestão do banco, iniciada em julho.
O BdP, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), em parceria com a Deloitte, estão a concluir uma auditoria forense aos atos da administração liderada por Ricardo Salgado. Os trabalhos ainda não estão concluídos, mas à medida que são encontrados indícios de relevância criminal, eles são comunicados ao Ministério Público.
Neste caso, que levaram às buscas da PJ, o BdP terá encontrado suspeitas que podem configurar crimes de burla, falsificação de contabilidade, branqueamento de capitais, abuso de confiança e fraude fiscal qualificada.
Há pouco mais de uma semana, o governador do BdP, Carlos Costa, disse que da auditoria forense apresentada em julho tinha já concluído quatro das cinco linhas de investigação: as relações entre o BES e a filial angolana (BESA), a ocultação de dívida da Espírito Santo Internacional e a venda de papel comercial desta empresa aos clientes de retalho do banco, as operações financeiras realizadas através da Eurofin e um incumprimento de ordens do BdP.
“Estes relatórios e os respetivos documentos de suporte passarão a integrar os processos sancionatórios já instaurados ou a instaurar pelo Banco de Portugal, no âmbito dos quais se fará o apuramento de responsabilidades contraordenacionais, designadamente responsabilidades individuais. Os relatórios finais serão igualmente transmitidos ao Ministério Público para que possam ser apuradas eventuais responsabilidades no plano criminal”, disse.
A PJ recusa-se, para já, a confirmar se no âmbito deste inquérito que originou as buscas para recolher prova há já arguidos.
Ricardo Salgado é arguido no processo Monte Branco
O antigo presidente executivo do BES foi detido em julho no âmbito do processo “Monte Branco“. Encontra-se em liberdade depois do pagamento de uma caução de três milhões de euros. É suspeito dos crimes de burla, abuso de confiança, falsificação e branqueamento de capitais. Este inquérito, dirigido pelo Departamento Central de Investigação Criminal e que conta com elementos da Autoridade Tributária é independente da investigação que levou esta manhã a Polícia Judiciária a fazer dezenas e buscas.
Ricardo Salgado devia ser ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito ao BES na próxima quarta-feira, 3 de dezembro, mas soube-se esta quarta-feira que os deputados decidiram adiar estar audição, tal como a de José Maria Ricciardi.