O ministro da Saúde, Paulo Macedo, afirmou este sábado que não é assustador ter havido 700 mortes nas urgências hospitalares nos primeiros 20 dias do ano, lembrando que o serviço de urgências é o que regista sempre mais mortes, a seguir ao de cuidados intensivos. Em relação ao recrutamento de médicos para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), o governante garantiu que a escassez de médicos em algumas unidades não se deve a questões orçamentais.

“Nada tem nada de assustador”, declarou Paulo Macedo, quando confrontado com a notícia deste sábado do Expresso que dá conta de 700 mortes nas urgências hospitalares nos primeiros 20 dias do ano. “Esse número foi dado pelo Ministério da Saúde” à DGS, esclareceu o governante, acrescentando que, “todos os anos, temos um grande número de óbitos nas urgências”. “A seguir à área dos cuidados intensivos, em todos os hospitais de todo o mundo, a área em que há mais óbitos é na urgência”, frisou.

Paulo Macedo completou a explicação dizendo que “há uma alteração de hábitos culturais”, porque se constata que “há mais pessoas que vão falecer hoje em dia aos hospitais, não é só uma questão dos cuidados de saúde serem melhores e haver uma maior oferta”.

Esta manhã ao Observador, fonte oficial do Ministério da Saúde já tinha referido que o número de mortes nas urgências “está exatamente na média” com o dos outros anos. A mesma fonte lembrou que há mais de 10 mil mortes por ano nas urgências, sem querer adiantar quantas pessoas morreram nas urgências neste mesmo período nos últimos anos, nem avançar quantas das 700 mortes correspondem a utentes já em observação ou ainda em espera.

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“O que é preciso entender é que as ocorrências dos últimos dias têm de ser avaliadas à luz destes números: 107.000 óbitos por ano no total, mais ou menos 50.000 em ambiente hospitalar e destes mais de dez mil nas urgências. Os números variam muito pouco de ano para ano”, descreveu fonte oficial do Ministério da Saúde ao Observador.

A propósito do recrutamento de médicos para o Serviço Nacional de Saúde (SNS, Paulo Macedo salientou que “há claramente financiamento”. O problema, explicou o governante, repetindo uma ideia antiga, “é a escassez destes profissionais em certas especialidades”.

Depois da visita deste sábado a dois centros de saúde da região de Lisboa (Linda-a-Velha e Alcântara) com prolongamento de horário aos dias de semana e ao sábado por causa do surto de gripe, o governante afirmou que, no ano passado, foram recrutados “todos os médicos de medicina geral e familiar disponíveis em Portugal”. E para isso foram abertos concursos para médicos de medicina geral e familiar que “terminaram a especialidade”, bem como para médicos do privado que quisessem trabalhar no público.

“Vamos fazer este ano novamente para diferentes especialidades hospitalares”, garantiu o membro do Governo, acrescentando que se preconiza o recrutamento de “todos aqueles que há necessidade no SNS”, como, por exemplo, “radiologistas e anestesistas”.

Alargamento dos horários nos centros de saúde de Lisboa e Vale do Tejo permite mais 2.000 consultas

O ministro da Saúde referiu ainda que “é para manter” o prolongamento do horário dos centros de saúde, das 20:00 às 22:00 nos dias de semana e das 10:00 às 14:00 aos sábados. “Para já, estamos satisfeitos, não estamos nada arrependidos”, disse, garantindo que o alargamento extraordinário se prolongará “até final de fevereiro”.

“O que entendemos é que há um conjunto potencial dessas pessoas que iriam à urgência [hospitalar]”, frisou o ministro, observando que “independentemente de haver mais ou menos pessoas ou por simplesmente termos uma mudança total daquilo que é o surto da gripe, assume-se este custo, o que interessa é servir as pessoas”.

O alargamento de horário em centros de saúde foi implementado na Região de Lisboa e Vale do Tejo, “com uma oferta de fim de semana de mais de 2.000 consultas”, e em algumas unidades no norte e centro. “Houve outras administrações regionais de saúde, nomeadamente no Alentejo e Algarve, que acharam que não era preciso ter prolongamento”, disse.