Quando Miguel fecha a porta para ir trabalhar deixa em casa o seu cão, Pluto. É assim todos os dias: o dono do animal sai de casa às oito e meia da manhã e regressa ao final da tarde. Nesse espaço de tempo, Pluto vagueia pela casa sem ninguém para lhe fazer companhia. Esta é uma rotina normal de milhares de Plutos e Miguéis em todo o mundo. Mas os dias solitários dos cães portugueses já têm os dias contados: o canal para cães DOG TV estreia na televisão portuguesa este sábado, dia 23 de maio.

Sim, leu bem: é um canal para cães, não sobre cães. Foi criado em Israel há seis anos por Ron Levi e os seus conteúdos foram inspirados… num gato que Levi deixava em casa a ver vídeos do YouTube para ter companhia. Agora, o canal já existe em nove países.

Também não se trata de um encantador de cães. A promessa da DOG TV é fazer companhia aos bichos nas longas horas que passam sozinhos em casa quando os proprietários saem de casa.

É o que nos conta Sara Calisto, a apresentadora e veterinária que dá a cara pelo projeto.

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A programação

A DOG TV vai transmitir três géneros de conteúdos, com duração de seis minutos cada um.

Os programas de relaxamento reduzem os níveis de stress do cão e mantém o animal tranquilo e sossegado.

Também existem programas de estimulação, mais animados e movimentados que encorajam o animal a brincar.

Por último, os conteúdos de exposição colocam o cão em contacto com imagens da rua.

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Todos os programas foram criados com base em estudos científicos e de acordo com as sensações caninas. Acima de tudo, a DOG TV funciona como um instrumento comportamental que pode reduzir doenças como depressão ou síndrome de ansiedade de separação.

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A resposta dos cães ao programa depende de cada animal: embora seja produzido em conformidade com todos os canídeos, o estímulo que a DOG TV oferece depende da idade, energia e até constituição física do cão. De qualquer modo, Sara Calisto alerta: o melhor é mesmo sentar-se ao lado do seu animal nas primeiras horas, para criar habituação. Depois pode deixá-lo sozinho.

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Que cães vamos ter agora?

Maria do Céu Sampaio, presidente da Liga Portuguesa dos Direitos do Animal, acredita que se a DOG TV contribuir para uma melhoria nas condições de vida dos animais então é uma mais valia que não deve ser descartada. “Se existirem estudos científicos que permitam a existência deste tipo de ferramentas, então fica provado que os cães têm sentido de observação, atenção e inteligência e, portanto, são seres com direitos”, explica.

Também Jorge Cid, diretor do Hospital Veterinário do Restelo, sublinha o “interesse e inovação” de um projeto relacionado com o comportamento canino.

Que muitos cães gostam de ver televisão já muitos donos perceberam. A prová-lo estão os milhares de vídeos publicados no YouTube de cães a absorver atentamente o que observam nos ecrãs televisivos. E esse número aumentou desde que a imagem digital evoluiu e se adaptou melhor à capacidade visual dos cães, que não veem as mesmas cores que os humanos.

Mas atenção: não podemos descurar os cuidados com estes animais. “Não temos real noção de como o estilo de vida que levamos hoje em dia afeta a saúde do animal”, afirma Sara Calisto. É por isso que o contacto entre o cão e o dono é importante.

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DOG TV: uma possível arma contra os maus tratos

A DOG TV vem para Portugal numa altura em que a legislação protetora dos animais está na ordem do dia. Apesar de os conteúdos deste canal – gerido pela World Channels – ser completamente direcionado para o cão, as parcerias e a comunicação implementada nas redes sociais podem contribuir para a luta contra os maus tratos aos animais.

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Estaremos nós a humanizar o nosso melhor amigo? Sim, e isso não significa retirar-lhe personalidade. Esta é a opinião de Warren Eckstein, um psicólogo de animais: “Nós já não vivemos isoladas, os cães estão no nosso mundo e no nosso mundo vê-se muita televisão”.

O canal de televisão para cães – convém relembrar: não é para os donos nem para os gatos (embora os bichanos sejam bem vindos) – vai custar 4,99€ nos serviços NOS. Estará no canal 250.