No primeiro jantar do CDS-PP após as eleições, o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, disse esta sexta-feira à noite em Santa Maria da Feira que qualquer tentativa da esquerda para chegar ao poder “na secretaria” estará “ferida de ilegitimidade desde o primeiro dia”.

“O que está em causa é saber hoje se o voto dos portugueses prevalece face a tentativas de secretaria, como no tempo do PREC (Período Revolucionário Em Curso) havia quem dissesse que a legitimidade revolucionária se sobrepunha ao voto”, vincou, acrescentando que “o CDS estará do lado da democracia” e que a situação “às vezes parece um PREC dois”. 

“Da primeira vez, em 1975, eles diziam que a legitimidade revolucionária era mais importante do que esse detalhe que era o voto dos portugueses”, disse Paulo Portas.

O líder centristas disse que “se não deixarem governar a maioria relativa dos que venceram as eleições e tentarem fabricar um governo da minoria relativa dos que perderam as eleições, esse governo estaria ferido de ilegitimidade politica desde o primeiro dia”.

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Portas justificou ter hoje tomado posse “pela simples e muito democrática razão” de que a coligação ganhou as eleições e o PS perdeu e essa é a regra em democracia. “Se as tivéssemos perdido podem ter a certeza que estaríamos noutra função — a oposição, algo tão digno e necessário em democracia como o governo.”

Para Portas, os resultados das eleições legislativas de 4 de outubro passado transmitiram um sinal de continuidade, “porque os portugueses disseram que não querem mais aventuras com o défice e com a dívida”, e de evolução, no sentido de uma política realista e gradualista de recuperação de rendimentos.

Salientando que “mais de 80% dos deputados eleitos acredita no projeto europeu”, o líder do CDS-PP disse que “muitos portugueses estranham o que está a acontecer e temem o impacto negativo e as consequências económicas” que daí possam advir.

Aludiu às “negociações muito pouco públicas” entre o PS, PCP e BE, para lembrar António Costa de que afirmou que só bloquearia um Governo da coligação se conseguisse transformar a maioria negativa no parlamento em maioria positiva de executivo.

Portas questionou, por isso, onde estão os sinais consistentes de estabilidade e duráveis para tal, sublinhando as diferenças acentuadas entre o PS e o PCP em matérias como o Tratado Orçamental, as metas do défice ou mesmo a presença no euro.