Sumte é uma pequena aldeia alemã onde residem 102 pessoas. Na próxima semana este número vai crescer dramaticamente já que receberá 750 refugiados, conta o New York Times.

O autarca da aldeia, Christian Fabel, já tinha sido informado pelo governo distrital, em outubro, da possibilidade de a sua aldeia vir a receber cerca de 1000 refugiados. Fabel contou ao New York Times a reação da sua esposa quando soube da notícia. “Ela pensou que era uma piada”, disse, explicando que não percebeu como é que um lugar isolado foi convidado a receber um número de refugiados que é dez vezes superior ao número de pessoas a viver em Sumte.

A Alemanha tem sido um dos países a receber mais refugiados, sendo que a sobrelotação das principais cidades e o aproximar do inverno e do frio está a obrigar o governo de Merkel a procurar novas alternativas e soluções para a política de distribuição.

O New York Times conta que as autoridades regionais recuaram no número inicial de refugiados a ser alojados em Sumte, baixando o número para 500 e até ao limite de 750. Grande parte dos moradores vê esta medida com desconfiança, defendendo que a aldeia não tem os recursos e a segurança necessária para albergar tanta gente. A pequena aldeia não tem lojas, nenhuma escola, nem uma esquadra de polícia. “Temos zero infraestruturas para tantas pessoas”, disse o autarca Christian Fabel.

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Os primeiros refugiados a chegar ao território alemão foram alojados em casas renovadas, depois em ginásios, bases militares ou escolas antigas, escreve o New York Times, que explica que as autoridades estão neste momento à procura de qualquer espaço livre que possa receber mais pessoas. Ora como Sumte tem 23 edifícios de escritórios vazios, é neles que serão criadas as condições para acolher os refugiados.

O autarca da aldeia mostra-se também preocupado com o pensamento de alguns residentes de extrema-direita, como o morador Holger Niemann, que tentou capitalizar o mal-estar generalizado, apelidando a política de refugiados como o “terror do asilo”. Niemann mostrou a sua indignação nas várias reuniões que a aldeia teve com as autoridades regionais. “Enquanto tivermos comida suficiente no frigorífico estamos bem”, disse Niemann. Ainda assim, a televisão RT conta que os esforços destes grupos para deslocalização dos refugiados têm pouco apoio entre os moradores locais da aldeia.

Christian Fabel frisou que, apesar de tudo, a população é hospitaleira e de mente aberta, revelando também que as autoridades nunca lhe deram oportunidade de escolha. “Têm duas opções, sim, ou sim”, contou Fabel. Os refugiados irão permanecer em Sumte até que os seus pedidos de asilo sejam processados, sendo que os seus lugares serão constantemente preenchidos pelos novos refugiados que chegam à Alemanha todas as semanas.