O responsável norte-coreano pelas relações com a Coreia do Sul e o assessor mais próximo do líder Kim Jong-un morreu num acidente de viação, noticiou a comunicação social local esta quarta-feira. Sem mais desenvolvimentos relativamente à sua morte, Kim Yang Gon, de 73 anos de idade, era uma das figuras de topo do regime norte-coreano com um papel especialmente importante nas relações com o país vizinho desde a era de Kim Jong Il, antigo líder do país e pai do atual.

Gon, teve um especial relevo durante as conversações com a Coreia do Sul numa altura em que as tensões entre os dois países atingiram o seu pico com uma troca de fogo de artilharia em agosto. Liderando a unidade que lida com as relações com o vizinho, o Departamento Frente Unida, estas conversações permitiram a redução da tensão que começava a atingir níveis preocupantes.

Por tudo isto, Greg Scarlatoiu, diretor executivo do Comité para os Direitos Humanos na Coreia do Norte afirma, em declarações à CNN, “que ele era certamente da confiança do regime da família Kim” revelando também que “pelo que sabemos ele era realmente próximo ao jovem Kim Jong-un”. A KCNA também utilizou definições como o “mais próximo camarada de armas e camarada revolucionário” do líder.

Mas este não é o primeiro oficial de topo do regime e próximo do líder norte-coreano a morrer e em circunstâncias semelhantes. E vários especialistas levantam dúvidas sobre estas mortes.

Como diz à CNN Han Park, professor de relações internacionais na Universidade de Georgia, “o seu antecessor na mesma posição morreu [também] num acidente de carro”, referindo-se à morte de Kim Yong Soon em 2003. Apesar de tudo, Park duvida que Kim Jong-un e Kim Yang Gon se tenham desentendido de alguma maneira mas notou que “os acidentes de viação são muito incomuns” na Coreia do Norte.

Outros analistas contaram também ao mesmo canal que existem um número “suspeito” de dirigentes norte-coreanos de topo que perderam a vida em desastres de carro: “A segurança é extremamente apertada quando um alto oficial está a viajar por estradas essencialmente vazias. Sim eles são conhecidos por adorar a velocidade. Por isso, ocasionalmente, estes incidentes podem acontecer”, afirmou Andrei Lankov, professor na Universidade Kookmin em Seul. “No entanto, existe outra razão para o acidente ser altamente suspeito. Se olhar para a história da Coreia do Norte, podemos verificar que uma surpreendente grande quantidade de dirigentes de alto nível na Coreia do Norte morreram em acidentes de carro”, acrescenta.

Num país onde a informação é escassa – sobre este caso a KCNA nem revelou o local onde ocorreu o acidente – o mistério que envolve estas mortes torna-se difícil de resolver. Mas os antecedentes de Kim Jon-un em relação ao tratamento dado a alguns dirigentes não abonam a seu favor. Exemplo disso mesmo foi o seu tio Jang Song Thaek, executado em 2013 e descrito pela comunicação social estatal como “escória humana desprezível”. Isto para além de outros relatos e suspeitas de execuções a oficiais governamentais.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR