Pela social-democracia, pela concertação social e pelo emprego. Foram estas as três ideias-chave de Pedro Passos Coelho no encontro desta noite com os vários representantes sindicais dos TSD – Trabalhadores Social Democratas, em Lisboa. Isso, e uma provocação ao Governo socialista: se as medidas do Governo socialista são tão amigas do emprego, como é que o Executivo prevê um crescimento de emprego em 2016 inferior àquele conseguido pelo anterior Governo em 2015?

“Se no rescaldo da crise, a crescer 1,5%, nós conseguimos criar mais emprego do que o atual Governo está a pensar que a economia possa gerar em 2016 com políticas que supostamente são muito mais amigas do crescimento, [então] alguma coisa está errada”, atirou o presidente do PSD.

A explicação, para Passos, é simples: a receita que este Governo está a assumir já foi testada e já falhou. “Se voltarmos a políticas antigas, é difícil esperar que os resultados sejam muito diferentes daqueles que alcançámos no passado”, defende o líder social-democrata, para quem este Executivo elegeu “como principal da sua ação desfazer o que o Governo anterior tinha realizado”. Ora, diz Passos, “não me parece que [esse] seja um Governo que queira acrescentar alguma coisa de positivo para o futuro“.

Para Pedro Passos Coelho, de resto, o país enfrenta hoje uma “ameaça efetiva” para “aquilo que é a concertação social”, a grande “força motriz” do crescimento económico e, consequentemente, do crescimento do emprego. Isto porque, diz o líder social-democrata, este Governo está refém dos interesses da CGTP.

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“Hoje, a CGTP tem sabido trazer uma parte da sua negociação por via daquela que é estendida ao PCP e ao Bloco de Esquerda. E é assim que uma parte que devia ser negociado na concertação social é negociado fora, satisfazendo a CGTP“, insistiu Passos.

O líder social-democrata acusou, também, António Costa de tratar com “menoridade” os parceiros sociais, nomeadamente a UGT, dando como exemplo a negociação do aumento do salário mínimo, em que o Executivo socialista, diz Passos, levou para a mesa das negociações uma decisão já tomada com os parceiros parlamentares.

“Espero que no futuro o Governo arrepie caminho e não perpetue esta maneira de tratar com menoridade os parceiros sociais“, denunciou Passos para, pouco depois, apelar aos sindicatos da UGT que tivessem “um papel mais ativo a denunciar” aquilo que diz ser o excessivo poder da CGTP.

Ao mesmo tempo, o ex-primeiro-ministro deixava um aviso e um auto-elogio: “Ninguém investe num país que maltrata o investimento ou que não tem respeito pelos esforços de concertação. Porquê? Porque se isso acontecer não há confiança suficiente para atrair o investimento. Foi por isso que nós conseguimos, apesar das dificuldades, nos últimos anos preservar a paz social”.

Em noite de recados ao Governo de António Costa, Passos deixou ainda outro, pegando nas próprias palavras do líder socialista, que, no sábado, em entrevista ao Expresso, tinha dito que os sociais-democratas estavam enclausurados num casulo. “O PSD não está como alguns pensam num casulo ou a fazer luto. O PSD prossegue responsavelmente com o seu caminho“, garantiu o líder social-democrata.