Os Serviços de Informações e Segurança (SIS) já localizaram portugueses nas fileiras do Estado Islâmico (EI), refere o Relatório Anual de Segurança Interna relativo a 2015.”Os resultados alcançados pelos serviços de informações têm permitido rastrear cidadãos nacionais que se deslocam para palcos de jihad com o fito de se afiliarem ao grupo Estado Islâmico (EI), ou à Al Qaeda, e detetar células relacionadas com o recrutamento de jihadistas ou com a promoção de apoio logístico a grupos terroristas transnacionais”, lê-se no relatório a que o Observador teve acesso.

No documento produzido pelo Sistema de Segurança Interna e que congrega dados estatísticos e informações de todas as forças e serviços de segurança de Portugal, lê-se ainda que, desde 2013, “tem vindo a ser acompanhado um grupo de indivíduos de nacionalidade portuguesa, e luso-descendentes, que se encontra atualmente na Síria, ligados ao grupo Estado Islâmico”.

O relatório revela que durante o ano passado a “ameaça de terrorismo islamita” evoluiu. Sobretudo depois dos atentados registados em Paris, França, em novembro de 2015. Por cá, em território português, mesmo não havendo informações de “planificação ou execução de atentados”, as autoridades reconhecem que a ameaça existe atendendo às estruturas de apoio logístico,”de radicalização e de recrutamento”. O que faz aumentar essa ameaça.

As autoridades falam mesmo em “propaganda” e na “atração” que a jihad síria exerce sobre “os extremistas europeus entre os quais se incluem cidadãos portugueses ou de origem portuguesa”. Às polícias preocupa a “facilidade” com que estes homens e mulheres têm acesso a esse “teatro por contraposição a palcos de conflito anteriores”. Uma “máquina propagandística” — assim chamam ao EI — que recorre “a uma narrativa poderosa e simples”, compreendo a sociedade ocidental e servindo-se dos “media sociais”.

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A Secretaria Geral de Segurança Interna, que coordena as polícias, refere que dada esta ameaça é necessário intensificar a segurança das infraestruturas nacionais consideradas “críticas” através “de um plano de sensibilização apresentado junto de diversos operadores”, assim como dos “eventos relevantes” e “dos sistemas eletrónicos de informação”.

Pedidos de ajuda a Portugal aumentam em 2015

O RASI indica que foram abertos 118 processos de pedidos de ajuda internacional em 2015 relacionados com terrorismo. Destes pedidos, 106 tiveram origem nos países europeus que estão integrados na rede Europol e 12 da Interpol. Este foi um aumento substancial em relação ao ano anterior, em que foram registados apenas 56 casos.

Portugal não é um país central para estas organizações, mas pode ser um local de passagem. É neste sentido que as autoridades portuguesas são chamadas a contribuir com informação, tentando controlar a passagem de suspeitos pelo território nacional.

O relatório regista, também, 5 casos na tabela de crimes violentos e graves registados em Portugal ligados a “organizações terroristas e terrorismo nacional” e 3 situações relacionadas com outras “organizações terroristas e terrorismo internacional” que estão a ser acompanhadas pela Polícia Judiciária. Em anos anteriores não houve registo deste tipo de ocorrências.