Organizações anti-touradas, defensores do veganismo, grupos libertários, amigos dos cães e gatos juntaram-se este sábado em frente à praça de touros do Campo Pequeno, em Lisboa, em prol de uma causa comum: os direitos dos animais.

A escolha da mais emblemática praça do país para iniciar a concentração da Marcha Animal, não foi inocente, já que foi ao som das palavras “tortura não é cultura”, que as centenas de pessoas que se juntaram no Campo Pequeno desde as 15h00 prosseguiram, pouco depois das 16h00, em direção à Assembleia da República.

Mas ser anti-tourada não foi o único motivo que levou à mobilização da Marcha, organizada pela Animal.

“Viemos pedir mais e melhor proteção para os animais, para todos, porque a Animal é uma organização orientada para a defesa dos direitos dos animais”, embora este ano exista um enfoque particular na tauromaquia, disse à Lusa a presidente desta estrutura, Rita Silva.

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A Animal entregou na Assembleia da República duas petições que vão ser discutidas “em breve”: uma, pedindo ao Governo português que acate as recomendações das Nações Unidas e impeça os menores de 18 anos de trabalhar na tauromaquia ou assistir a espetáculos tauromáquicos, outra, visando a proibição das subvenções para a atividade tauromáquica, que Rita Silva estima atingirem o valor de 16 milhões de euros por ano.

“Estamos a pedir que quem organizar touradas que as pague e vamos ver quanto tempo é que subsistem”, sublinhou a presidente da Animal, lembrando aos apreciadores destes espetáculos que “este é um exercício de sofrimento” e pedindo “que se coloquem no lugar daquele animal, que não escolheu estar ali e está a ser seviciado apenas para entretenimento”.

Elisa Ferreira, que veio do Porto integrada num grupo de ativistas, que pretendem mostrar que os portugueses, não se reveem “minimamente” neste tipo de espetáculos, afirmou perentória: “Pode ser a cultura de alguns, mas são será decerto da maioria”.

Esta ativista defende um estatuto jurídico para os animais, para que deixem de ser tratados como coisas, ainda que falte “encontrar a tipologia certa”.

“Serão pessoas não humanas? Podemos copiar a legislação europeia”, sugeriu.

O deputado do PAN (Pessoas-Animais-Natureza) André Silva, que também se juntou a esta Marcha anual disse que a manifestação serve para pedir mais direitos para os animais, mas também para celebrar aspetos positivos.

“É com muito agrado que vejo os direitos dos animais cada vez com maior expressão política e social” e as “conquistas que têm sido feitas ao longo destes anos”, destacou André Silva, adiantando que o PAN vai avançar com várias iniciativas legislativas em maio, entre as quais uma proposta para proibir a subsidiação de touradas e outros espetáculos que envolvam o sofrimento de animais.

Além de representantes de partidos como o PAN, o Bloco de Esquerda, a Juventude Socialista do Seixal, o Livre ou “Os Verdes”, juntaram-se à Marcha Animal muitos cidadãos apartidários, que transmitiam através de cartazes as causas que mais os mobilizavam: dos que não querem “nem mais um touro na arena”, aos que dizem que somos “todos diferentes, todos animais”, os que declaram que “abandono é crime”, os que reclamam contra o abate em canis e gatis, os que pedem o fim dos “cosméticos cruéis”, os que defendem a “tourada só na cama”, os que apelam ao vegetarianismo e até mesmo os que exigem respeito pelos direitos dos pombos.