O primeiro-ministro, António Costa, lamentou, esta tarde, o fracasso nas negociações entre o CaixaBank e o BPI, dizendo estar confiante que a administração do BPI tomará as decisões certas para dar cumprimento às determinações do Banco Central Europeu (BCE), sem que seja multada, e sem comprometer o sistema financeiro nacional.

“Todos ficámos satisfeitos com o anúncio público feito pelo BPI na semana passada. Obviamente essa tinha sido a boa solução. Não há nada como haver um bom acordo. É pena que não se tenha vindo a confirmar”, lamentou o chefe do Executivo, no aeroporto de Lisboa, onde se preparava para embarcar para Paris.

“Confio que mesmo sem este acordo estejam criadas condições para que a administração do BPI e os seus principais acionistas possam tomar as decisões adequadas para poderem dar cumprimento às determinações das entidades de supervisão europeias sem grandes sobressaltos para a própria instituição e sem nenhum sobressalto ou perturbação do sistema financeiro nacional”, acrescentou o primeiro-ministro.

Em relação ao papel do Governo nestas negociações, António Costa frisou que “o nosso papel foi cumprido”, conseguindo que as partes se voltassem a sentar à mesa. “Houve uma negociação construtiva, que permitiu o anúncio do acordo. De lá para cá as condições alteraram-se e o acordo infelizmente não se confirmou. Neste momento transcendeu-se a possibilidade do Governo poder ter qualquer tipo de intervenção útil.”

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Em comunicado enviado este domingo à CMVM, o BPI dá conta que o acordo acionista anunciado faz este domingo uma semana, para resolver a exposição a Angola, fica afinal sem efeito.

O BPI explica que a “Santoro Finance [da angolana Isabel dos Santos] desrespeitou o que tinha acordado e veio solicitar alterações aos documentos contratuais acima mencionados”, uma das quais “iria desfigurar gravemente a solução acordada”.

Já este sábado, Isabel dos Santos tinha dito, em comunicado, que ainda havia “elementos pendentes” no acordo.

As negociações entre o CaixaBank e Isabel dos Santos duram há mais um ano, sem que tenha sido possível chegar a um entendimento, mesmo depois da intervenção do primeiro-ministro António Costa, que chegou a aplaudir publicamente o “acordo” que tinha sido anunciado no domingo passado.