Cientistas brasileiros do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro detetaram a presença de uma ‘super bactéria’ resistente a antibióticos em cinco praias do sul do Rio de Janeiro. Um estudo feito em 2014 já tinha notado a presença desta bactéria nas praias de Botafogo e Flamengo, mas as amostras recolhidas até dezembro de 2015 mostram que a bactéria também está nas águas das praias de Ipanema, Leblon e Copacabana.
Esta é mais uma má notícia para a cidade que recebe os Jogos Olímpicos daqui a um mês. A praia de Copacabana vai receber várias provas olímpicas como a competição de triatlo e a maratona aquática. As praias Flamengo e Botafogo delimitam a baía de Guanabara, onde vai decorrer a prova de vela.
Um membro da equipa paralímpica alemã de vela contraiu uma grave infeção na pele depois de um treino na baía de Guanabara. Heiko Kroger, colega do atleta que ficou infetado, acredita que a causa pode ter sido a ‘super bactéria’.
Acredita-se que o organismo tenha chegado às águas das praias pelo sistema de esgotos que vem de hospitais e são canalizados para a baía de Guanabara. As infraestruturas sanitárias da cidade brasileira são deficientes. Apenas 51% das águas residuais da cidade são tratadas. Ainda assim, têm vindo a melhorar bastante, já que há sete anos apenas 11% das águas eram sujeitas a tratamento.
Ainda não há provas de que a bactéria possa afetar pessoas saudáveis, mas em pessoas com um sistema imunitário vulnerável pode causar vários tipos de infeções. Renata Picão, coordenadora da pesquisa explica que “onde o organismo conseguir se instalar, ele tem capacidade de causar infeção. Pode ser no trato urinário, pode ser pulmonar, pode ser na corrente sanguínea, pode ser no sistema nervoso central, causando meningites, e infeções gastrointestinais.”
Por enquanto não está a ser ponderada a mudança de local das provas olímpicas que vão ocorrer nestas praias, já que não há estudos que provem o impacto que esta bactéria pode ter em pessoas saudáveis ou se pode ser contraída através da água. Os únicos dados que existem em relação a este organismo dizem respeito ao seu comportamento em ambiente hospitalar. O alerta foi lançado para que, caso haja contágio, os médicos saibam que estão a lidar com uma bactéria multirresistente.