Costuma-se dizer que quando um filho nasce nunca mais nada será como antes. O que não se sabia era até que ponto isso era verdade mesmo no cérebro da mulher, pois este sofre alterações durante a primeira gravidez que podem durar até dois anos.
Esta foi pelo menos a conclusão de um estudo realizado por um conjunto de investigadores liderado pela professora Elseline Hoekzema, da Universidade Autónoma de Barcelona, e publicado na Nature Neuroscience.
Esta investigação teve por base ressonâncias magnéticas ao cérebro de várias mulheres voluntárias e todas tinham algo em comum: nunca tinham estado grávidas, sendo que grande maioria esperava engravidar num futuro próximo e cerca de 20 não tinha tal momento planeado.
Depois de uma primeira ressonância magnética esperaram-se 15 meses para voltar a analisar possíveis alterações nos cérebros das voluntárias. Nessa altura já 25 tinham sido mães, o que permitia verificar se essa experiência provocara ou não alterações na sua massa cinzenta.
Ao compararem os primeiros com os segundos exames foi visível que os cérebros das mulheres que tinham sido mães tinha diminuído, ou seja, que efetivamente ocorrem alterações no cérebro de uma mulher quando esta é mãe, especialmente em zonas associadas aos comportamentos sociais. As alterações, dizem os especialistas, podem manter-se até dois anos após o parto. Em contrapartida nada se tinha alterado nos cérebros aas mulheres que não tinham dado à luz nos 15 meses analisados.
Apesar das alterações detetadas resultarem evidentes, os investigadores quiseram confirmar se tinham ocorrido realmente por causa da maternidade. Por isso realizaram o mesmo teste também em homens, a quem foram feitas ressonâncias magnéticas ao cérebro, comparando os que já eram pais (os parceiros das mulheres grávidas do mesmo estudo) com um grupo que não tinha filhos. E os resultados obtidos foram negativos nos dois casos. Os cérebros dos homens não mostravam sinais de alterações relacionáveis com a paternidade.
As alterações no cérebro feminino após a maternidade não ocorrem apenas seres humanos. No mesmo estudo também se refere que elas ocorrem em ratos, por exemplo, e que são bem visíveis.
Após o nascimento dos filhos o cérebro assume uma configuração que parece traduzir menor ansiedade e mais capacidade de lidar com o stress, assim como uma melhoria da memória.