Com a política anti-imigração de Donald Trump no centro do debate político em todo o mundo, o candidato do centro direita às eleições francesas, François Fillon, afirmou este domingo que se for eleito vai “reduzir a imigração ao mínimo possível” e que os cidadãos estrangeiros que decidam imigrar para Franã devem saber que “antes de terem direitos têm deveres”. Num discurso para apoiantes em Paris, que organizou para defender a pele na sequência do escândalo sobre o alegado uso de dinheiro públicos para empregar de forma fictícia a sua mulher, Penelope, o candidato republicano voltou a incendiar o debate com a ideia de restringir a imigração.

“Quero reduzir a imigração ao mínimo possível, organizando-a por quotas, em função das nossas necessidades económicas e da nossa capacidade de integração. E a todos aqueles que decidirmos acolher, quero que lhes digamos, com precisão e transparência, aquilo que exigimos deles: que exerçam um trabalho, que aprendam a nossa língua e que respeitem as nossas regras”, disse depois de afirmar que “na República francesa os estrangeiros têm deveres antes de poderem reclamar os seus direitos“. “É uma questão de unidade nacional, mas é também uma questão de respeito, como quando estamos na casa dos outros e não nos lhes impomos as nossas regras”, acrescentou.

François Fillon, ex-primeiro-ministro e atual candidato do centro-direita (já eleito em primárias), discursava em Paris no mesmo dia em que os socialistas franceses escolhiam o seu candidato às eleições presidenciais de maio. Entre Manuel Valls e Benoît Hamon acabou por vencer Hamon. No discurso deste domingo perante apoiantes, o candidato da direita que tem aparecido lado a lado com Marine Le Pen no topo das sondagens, reforçou que uma das suas prioridades é a questão do combate ao terrorismo e ao Estado Islâmico, insistindo numa política migratória restrita.

O slogan da campanha é “França é livre” e foi também isso que Fillon sustentou no seu discurso. “Uma França livre de combater o totalitarismo islâmico e uma França livre de dizer ‘não’ aos EUA quando impõem as suas leis aos princípios do direito internacional”, disse.

A intervenção daquele que pode vir a ser o próximo presidente francês surge numa altura em que a política anti-imigração de Donald Trump está debaixo de fogo. Tudo por causa de uma ordem executiva que o presidente norte-americano assinou esta sexta-feira e que impede qualquer cidadão natural de países de maioria muçulmana de entrarem no país, ao mesmo tempo que suspende por quatro meses a entrada de refugiados. A nova lei de Trump já fez mais de uma centena de detidos em aeroportos norte-americanos e têm levado a interrogatórios longos e apertados na fronteira. As dúvidas sobre a legalidade do decreto presidencial são muitas e já desencadearam vários protestos em todo o país.

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