O líder da oposição russa foi condenado a uma pena de prisão de 15 dias, além de ficar obrigado a pagar uma coima de cerca de 300 euros por desobediência a uma ordem de uma polícia e pela organização do protesto, este domingo, em Moscovo, refere o Guardian.

As autoridades consideram que o protesto em que Alexei Navalny foi detido era ilegal. Na manifestação, milhares de pessoas acusaram o Governo de Moscovo de corrupção, naquela que foi uma das maiores demonstração de desagrado com o poder russo desde os protestos de 2011. Cerca de 500 pessoas foram detidas, de acordo com os registos da polícia, que contrastam com os números da organização: os manifestantes falam de 1000 pessoas detidas.

Além de Navalny, foram detidas várias pessoas ligadas ao líder da oposição e mentor do protesto. Foram detidos nos escritórios onde estavam a coordenar a transmissão, em direto, da manifestação. Desses detidos, 13 pessoas passaram a última noite na esquadra, enquanto as autoridades revolviam o escritório onde tinham sido detidas.

“Provocação”, diz o Kremlin

A União Europeia e os Estados Unidos manifestaram preocupação pelas detenções. Bruxelas considerou que a ação da polícia “impediu o exercício das liberdades de expressão mais básicas” e pediu a “libertação imediata” dos manifestantes detidos.

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“O Kremlin respeita a posição cívica das pessoas e o seu direito a fazer ouvir a sua posição”, disse Dmitry Peskov, porta-voz de Vladimir Putin, naquele que foi o único reflexo público, por parte do poder de Moscovo da existência da manifestação. Nos meios de comunicação públicas, tal como da boca dos responsáveis políticos, não houve senão silêncio a respeito da manifestação. Foi como se nunca tivesse existido, não fosse a detenção de Navalny e dos outros elementos ligados ao protesto.

Navalny convocou as manifestações de domingo depois de ter sido divulgado um relatório em que o primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, é acusado de controlar um império imobiliário através de uma rede suspeita de organizações sem fins lucrativos. “As autoridades estão a ser acusadas de um roubo de vários milhões, mas mantêm-se em silêncio”, disse Navalny em tribunal, insistindo que os protestos foram legais.

Entre 7.000 e 8.000 pessoas manifestaram-se no domingo em Moscovo, segundo a polícia. O Kremlin considerou os protestos “uma provocação” e “uma mentira”, acusando os organizadores de prometerem dinheiro a jovens se fossem detidos na manifestação.

Navalny, 40 anos, candidatou-se em outubro de 2013 às municipais por Moscovo obtendo 27,2% dos votos e foi um dos organizadores das grandes manifestações de dezembro de 2011 pela demissão de Vladimir Putin, os maiores protestos antigovernamentais no país desde o fim da União Soviética.

O opositor anunciou a intenção de se candidatar às presidenciais do próximo ano.