Um terço gigante, da autoria da artista Joana Vasconcelos, foi inaugurado esta terça-feira à entrada da Igreja da Santíssima Trindade, no Santuário de Fátima, obra encomendada pelo templo no âmbito das comemorações do Centenário das Aparições.
A peça, denominada “Suspensão”, feita de contas brancas, tem 26 metros e vai ser iluminada pela primeira vez na noite de 12 de maio, quando o papa Francisco entrar no recinto do santuário para, com os milhares de peregrinos aí presentes, se preparar para rezar o terço.
Joana Vasconcelos referiu que a peça “tem a ver com esta relação entre o céu e a terra e a luz” que ilumina o caminho, adiantando ter “muito gosto” em poder fazer parte do centenário, “deste momento tão importante para Portugal e para os portugueses, e poder colaborar nesta mensagem de paz”.
Joana Vasconcelos admitiu que o convite do santuário para executar a peça foi “muito especial”, esclarecendo que vem “numa linha de pensamento e numa linha de obras” que tem vindo a desenvolver nos últimos 20 anos, entre as quais está a peça que fez em 2002, “www.fatimashop”.
Vim de peregrinação de Lisboa até Fátima para poder aprender e para poder observar o fenómeno de Fátima. Então vim com um ciclomotor até Fátima e fiz daí uma peça que é um altar e que é também um vídeo dessa minha peregrinação, onde testemunhei toda a experiência de vida de uma peregrinação, das pessoas, o porquê”, declarou, explicando que, desde essa obra, a sua visão sobre Fátima mudou e toda a sua “vida a partir daí teve uma outra perspetiva.”
O reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, referiu que quando foi lançado o desafio à artista para realizar uma obra que marcasse o centenário tinha a noção “da enorme dificuldade que representava”, pois “criar uma obra de arte à escala deste enorme recinto era um desafio fora do comum”.
“Este desafio foi felizmente aceite”, adiantou Carlos Cabecinhas que, dirigindo-se a Joana Vasconcelos, deu os parabéns, dizendo-lhe que “criou uma peça extremamente fotogénica” que “consegue dominar este enorme recinto de oração”.
Segundo o sacerdote, era isso que o santuário pretendia: “marcar o Centenário das Aparições com uma obra de arte que fosse significativa, que fosse profundamente enraizada na mensagem de Fátima”, como é o caso, pois representa um terço.
Carlos Cabecinhas adiantou que a partir da peregrinação internacional aniversária de 12 e 13 de maio o terço vai iluminar-se todos os dias às 21:30, à hora em que se inicia a oração do rosário na Capelinha das Aparições, o que vai acontecer até “ao fim deste conjunto de grandes peregrinações, em outubro”.
“É, por isso, para nós, um elemento particularmente significativo e importante, porque passará a integrar a ritualidade deste lugar”, acrescentou. O diretor do Museu do Santuário de Fátima, Marco Daniel Duarte, disse que o terço, feito com resina de polietileno, LED, filtros de cor, aço e fontes de alimentação, revela o que é a mensagem de Fátima no seu essencial.
A este propósito adiantou que segundo o testemunho dos videntes Francisco, Jacinta e Lúcia, a Virgem “trazia nas suas mãos um terço de contas brancas”, explicando que “a oração do rosário foi pedida pela Virgem como oração quotidiana” para alcançar a paz para o mundo, e que o terço “é o objeto comum a todos os peregrinos de Fátima, independentemente da sua condição e proveniência social, cultural e geográfica”.