O Ministério da Família e Promoção da Mulher (MINFAMU) de Angola registou um total de 3.376 casos de violência doméstica até setembro deste ano. A maioria foi denunciada por mulheres, mas as participações feitas por homens têm vindo a aumentar.
Segundo a diretora nacional dos Direitos da Mulher do MINFAMU, Maria Augusto, deste total, 559 casos correspondem a denúncias feitas por homens, que estão a ganhar consciência sobre a necessidade de participação destes atos. Por outro lado, ainda segundo a responsável, agentes da polícia e militares lideram a lista dos principais autores de casos de fuga à paternidade, falta de prestação de alimentos e violações sexuais, um grupo ao qual se juntam agora os agentes de segurança privada.
“Assustámo-nos com as denúncias sobre a fuga a paternidade dos agentes de segurança privada e ainda relatos de violações. Temos recebido muitos casos”, explicou, admitindo a necessidade das jovens “terem mais cuidados nos seus relacionamentos”. “Porque muitas das vezes desconhecem onde vive o parceiro, as vezes é num primeiro encontro que ele engravida e depois aí veem as dúvidas sobre a paternidade”, acrescentou. Maria Augusto assegurou ainda que o setor que dirige vai continuar a sensibilizar as pessoas no sentido de denunciarem qualquer caso de violência doméstica: “Porque sentimos que as pessoas criaram consciência e vão denunciando esses casos”.
A Agência Lusa noticiou a 20 de setembro que Angola registou 62 mil casos de violência doméstica contra a mulher em 2016, situação considerada pelas autoridades governamentais angolanas “o direito humano mais violado” no país, ao qual se segue a “alta taxa de mortalidade maternoinfantil”.
A situação foi descrita na ocasião pela diretora nacional dos Direitos Humanos em Angola, Ana Celeste Januário, que falava na abertura das terceiras Jornadas da Cidadania, organizada para assinalar os 20 anos da organização não-governamental Mosaiko Instituto para a Cidadania. “Se me perguntarem neste momento qual é a situação pior, o direito mais violado em Angola em matéria dos direitos humanos, olhando para esses dados, efetivamente teríamos de olhar e considerar a situação das mulheres, a par da alta taxa de mortalidade maternoinfantil”, disse Ana Celeste Januário.