Foi o segundo encontro no espaço de uma semana. Depois de, na segunda-feira passada, o recém-eleito presidente do PSD ter encabeçado uma delegação do partido que foi recebida pelo Presidente da República, em Belém, esta segunda-feira foi a vez de o presidente do PSD ir, a sós, almoçar com Marcelo Rebelo de Sousa. O almoço-reunião durou uma hora e meia e, nas palavras de Rui Rio, foi “um almoço agradável”. Aos jornalistas, Rio pouco descortinou sobre o que esteve em cima da mesa, mas avançou que Marcelo pode ter “papel importante” na aproximação dos partidos, embora não tenha ficado com a função explícita de mediar o diálogo entre PS e PSD.

Questionado pelos jornalistas sobre se, desta vez, já tinha levado ideias e propostas concretas para apresentar ao Presidente da República, Rui Rio ironizou: “Queriam que eu trouxesse uma pasta com propostas e projetos de lei? Quando falamos em questões de ordem estrutural, em reformas estruturais, não podemos pôr essas reformas numa pasta”, disse, sublinhando que as reformas estruturais “têm de ser devidamente pensadas” para serem debatidas dentro do partido, primeiro, e com os outros partidos, depois.

Numa altura em que Rui Rio já reuniu a comissão política nacional e já reuniu com António Costa para dar início às negociações sobre dois temas específicos — fundos comunitários e reforma da descentralização –, Rui Rio foi a Belém dar conta do estado das conversações ao Presidente da República. “O Presidente da República não ficou de mediar nada, mas claro que o Presidente pode ter um papel muito importante no sentido da aproximação dos partidos relativamente a matérias que, sem esse diálogo, não seria possível”, disse, sublinhando que esse consenso é o que o Presidente da República, “seja este ou outro qualquer”, mais deseja.

Para já, só a descentralização e o quadro de fundos comunitários interessam. “Tudo o resto será a seu tempo e com calma”, disse Rio, rejeitando a ideia de que a reforma da descentralização que defende não passa por políticas para o interior. “O que está em cima da mesa é apenas uma parte da descentralização, que tem a ver com a passagem de competências para os municípios, mas isso é só uma parte”, disse Rio aos jornalistas, defendendo que “nunca disse” que queria ficar por aí.

Sobre o grupo parlamentar do PSD, cuja direção foi eleita na quinta-feira em clima de contestação interna, Rui Rio pronunciou-se pela primeira vez: disse que é preciso “deixar estabilizar” antes de ir ao Parlamento falar com os deputados. “A direção ainda nem está toda eleita, deixe estabilizar”, disse, referindo-se ao facto de os coordenadores para as áreas sectoriais no Parlamento ainda não terem sido eleitos, embora já tenham sido escolhidos por Fernando Negrão.

Os deputados são 89, portanto, à partida, contamos com os 89. Os que não quiserem colaborar assumem a responsabilidade de não colaborar, mas eu vou trabalhar com quem quiser trabalhar”, disse.

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