797kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

A fé (também) é cada vez mais tech

Ver missas em direto no Facebook, acender velas através de uma app e saber notícias do Papa pelo Twitter. Para os católicos, a fé está cada vez mais digital.

    Índice

    Índice

Quando, em 2002, o Papa João Paulo II dedicou pela primeira vez uma mensagem oficial ao impacto da internet, a Igreja Católica ainda procurava perceber de que modo se iria adaptar às novas tecnologias digitais. Por essa altura, em Portugal, já o padre Júlio Grangeia era um verdadeiro padre tech — já tinha um site, já tinha permitido a uma família ver o casamento da sua filha, do outro lado do Atlântico, através de uma transmissão via internet, e já tinha dado a primeira missa interativa da história.

Uma década depois, popularizaram-se as redes sociais, de que Bento XVI e Francisco se tornaram utilizadores frequentes. E agora são as apps: há delas para tudo: para preparar confissões, para acender velas à distância ou para aprender a rezar. “A Igreja é das primeiras instituições a acolher, das primeiras a utilizar e das primeiras a institucionalizar o uso dos novos meios de comunicação”, garante o padre Américo Aguiar, autor do livro Um padre na aldeia global.

Não pode ir à missa? O padre Júlio transmite em direto no Facebook

Todos os sábados às cinco da tarde, a igreja de Travassô, em Águeda, enche-se para a missa do padre Júlio Grangeia. Depois do Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, o sacerdote vira-se para um iPad, que um fiel segura habitualmente perto do altar, e dá uma saudação aos que acompanham a missa da terra a muitos quilómetros de distância. Sim, é dia de missa para os mais novos da paróquia, mas não são só as crianças que participam. Há sempre perto de trezentas pessoas a acompanhar a celebração através do Facebook do padre Júlio, provavelmente o padre mais tech de Portugal, que faz questão de usar diariamente as novas tecnologias. Ou melhor, “só tecnologias, que elas só são novas para mim que já estou velho”, afirma o sacerdote de 58 anos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“São sobretudo emigrantes, alguns cá da terra, mas temos muitos que são apenas emigrantes de Portugal e ficam contentes por poderem dizer ‘olá’ ao seu país”, explica Júlio Grangeia ao Observador. Sim, porque as missas de Travassô são interativas. Afinal, “se transmitíssemos como faz a televisão, não tinha piada nenhuma”, destaca o padre, que quer “dar um bocadinho da Eucaristia, e de Portugal, a quem, por algum motivo, não pode estar presente”.

Se transmitíssemos como faz a televisão, não tinha piada nenhuma. Com o Facebook tiramos partido da interatividade.
Padre Júlio Grangeia

No início, Júlio ainda saudava individualmente todos os que se juntavam virtualmente, “mas isto é muito bonito quando há poucos; agora que começou a crescer, já não consigo cumprimentar cada um”. O que não quer dizer que o padre não conheça os vários emigrantes que deixaram Travassô e que continuam a acompanhar a missa pela internet. É o caso de um habitante da aldeia que emigrou para a África do Sul. “Um dia ele estava a assistir pela internet, e a mãe dele estava aqui na igreja. Pedi logo que filmassem a mãe, para ele a poder ver”, recorda.

Também há uma emigrante no Canadá que costuma sempre participar, apesar das diferenças no fuso horário: “Esta semana, excecionalmente, transmitimos a missa às 11h30 de domingo, e ela teve de se levantar às 6h30 para acompanhar. E, além de ter seguido a celebração, estava a dar as respostas aos momentos da missa através dos comentários”. “Só por isto acho que já vale a pena. São coisas muito gratificantes”, assume o sacerdote.

O padre Júlio Grangeia transmite a missa através do Facebook todos os sábados (Imagem: Lena Nogueira)

Júlio Grangeia não esconde que está surpreendido com o sucesso que as transmissões estão a ter na internet, apesar de sublinhar que não quer fazer espetáculo. “Sou só um padre normal”, avisa. A adesão que a iniciativa está a ter é tanta que o sacerdote até tem pensado se os meios técnicos são os mais adequados. “Os nossos meios técnicos, no fundo, são um iPad. Estamos a transmitir isto com os meios que temos, eu até gostava de ter mais mas também não sei. É como digo, estou a pisar terreno virgem”, admite o padre Júlio, reconhecendo o caráter inovador do seu projeto: “Não sei no que isto vai dar, não sei o que o Vaticano vai pensar”.

Mas ver a missa no Facebook não substitui a ida à missa, alerta o sacerdote. E inserir muitas inovações dentro da celebração da missa pode fazer os mais conservadores dentro da Igreja torcerem o nariz, mas Júlio Grangeia assegura que só usa a interatividade do Facebook “em partes da Eucaristia onde não há perigo de minimizar coisas que são importantes, como antes ou depois da homilia, ou no momento do abraço da paz”. O bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, conhece bem e apoia as transmissões do padre Júlio. “Ele uma vez disse-me: «O senhor faz o mesmo que se faz em Fátima»”, recorda o sacerdote, que não se cansa de dizer: “A missa é um produto — e ponha produto entre muitas aspas — muito sensível. É o núcleo da fé cristã. Por isso, por muito boas intenções que eu tenha, não posso conspurcá-la”.

O primeiro site, o casamento em direto para o Brasil e a homilia interativa

A relação entre o padre Júlio e as novas tecnologias não vem de agora. Em 1997, quando os primeiros computadores começavam a chegar à população, Júlio Grangeia decidiu criar um site. “Fui dos primeiros, quando se começou a falar de internet. Fui ao motor de busca que havia, nem sei se já era o Google, e pesquisei por padre. Não aparecia ninguém, talvez só um fulano do Brasil”, recorda. “Nessa altura, pensei que era importante também estarmos na net“, explica o sacerdote. Nasceu o site padrejulio.net, provavelmente a mais antiga página católica em Portugal.

Sou um padre como outro qualquer, simplesmente utilizo as tecnologias. Já nem digo as novas tecnologias, são tecnologias. Novas são para mim que sou velho.
Padre Júlio Grangeia

O reconhecimento público viria em 2000, ano em que o padre Júlio foi responsável por uma empreitada tecnológica hercúlea para a altura. Com o apoio das rádios locais e da PT, e através da instalação de uma complicada rede de cabos no interior da igreja, Júlio Grangeia transmitiu um casamento em direto para o Brasil. Tudo para os pais da noiva, que não tinham conseguido vir a Portugal, poderem assistir à celebração. “Foi tal a procura que a linha ficou bloqueada”, recorda. “O que nos valeu foi que tínhamos uma linha dedicada só para a transmissão”.

Dois anos depois, Júlio Grangeia voltou a inovar, com “provavelmente, acho que posso dizer isto, a primeira homilia interativa do mundo”. Foi tal o impacto que “todos os telejornais abriram com a notícia, estavam lá as televisões todas, e até me pediram para fazer uma conferência de imprensa”, lembra o sacerdote. Júlio decidiu fazer uma missa em conjunto com outra paróquia, do outro lado da diocese, para que os fiéis de ambas pudessem contactar uns com os outros. Resultado: instalou-se um ecrã gigante em cada igreja, com a transmissão em direto. Quando chegou a altura da homilia, os padres partilharam o púlpito. “Fizemos um bocadinho cada um e as pessoas ouviam os dois. O mais giro foi na oração dos fiéis [as preces], em que cada igreja fazia uma oração, à vez, e os fiéis da outra respondiam”, lembra Júlio.

A julgar pelo percurso de Júlio Grangeia, podem esperar-se mais inovações para breve. Mas sempre, vinca o sacerdote, a bem da Igreja Católica. “Era um pecado grave de omissão não fazer aquilo que posso pelos que não têm possibilidade”, afirma. Para já, as emissões continuam, aos sábados, às 17h00, através do Facebook.

Click to Pray: a app portuguesa que entusiasmou o Papa Francisco

Em 2014, o secretariado nacional do Apostolado da Oração (a representação portuguesa da rede mundial de oração do Papa) lançou o Click to Pray, uma aplicação para telemóveis para ajudar os jovens a rezar. Todos os dias, a aplicação envia três notificações: uma de manhã, uma à tarde e uma à noite. “São pequenas propostas de oração, pequenas mensagens, para ajudar a refletir, de uma forma simples”, explica ao Observador o secretário nacional do Apostolado da Oração, o padre jesuíta António Valério. Na primeira fase, a aplicação portuguesa chegou aos 87 mil utilizadores regulares.

430 mil

Utilizadores regulares em todo o mundo do Click to Pray, a aplicação que nasceu em Portugal e conquistou o Papa Francisco.

“Depois, o Apostolado da Oração internacional mostrou o projeto ao Papa Francisco, que se entusiasmou muito com a ideia, e decidiu tornar o Click to Pray na plataforma oficial de oração do Papa”, recorda o padre. Em março deste ano, foi lançada a versão internacional da aplicação. “Para nós foi uma grande surpresa e também motivo de grande alegria, porque uma iniciativa que nasceu em Portugal foi acolhida pela Santa Sé”, afirma António Valério. Atualmente, a aplicação conta com 430 mil utilizadores regulares nas várias línguas (português, inglês, francês e espanhol).

O Click to Pray nasceu em Portugal, e é a plataforma de oração oficial do Papa Francisco (Imagem: MICHAEL M. MATIAS/OBSERVADOR)

MICHAEL M. MATIAS/OBSERVADOR

“É como uma proposta para ajudar a abrir o coração, uma atualização diária na missão de Jesus. É através desta perspetiva que o Papa nos lança este desafio”, explicava à Rome Reports o padre Fréderic Fornos, responsável pela rede mundial de oração do Papa. Isto porque, tendo nascido no seio do Apostolado da Oração, a principal missão da app é garantir que as intenções do Papa chegam aos fiéis.

Em paralelo, os jesuítas portugueses mantêm há sete anos um outro serviço digital de oração, o Passo a Rezar. Trata-se de um podcast diário, de cerca de 10 minutos, que inclui as leituras diárias da Bíblia e algumas propostas de reflexão. Nas várias plataformas (web e aplicação), o Passo a Rezar tem cerca de 18 mil utilizadores semanais. Para elaborar os podcasts diários, a Companhia de Jesus conta com uma equipa de 90 pessoas, sobretudo voluntários. “Muitas pessoas escrevem-nos a dizer que gostariam de colaborar com o projeto. Fazemos apenas uma pequena audição, para saber se a pessoa se adapta à tarefa, e depois a gravação é feita nos estúdios da Rádio Renascença, nossa parceira no Passo a Rezar”, explica o jesuíta.

Preparar a confissão, descobrir missas e até acender velas à distância. As apps para os católicos

Com o aparecimento dos smartphones, as aplicações tornaram-se no principal produto de inovação em tecnologia para o consumidor. Há-as para tudo, e, como não podia deixar de ser, também as há para os católicos — e muitas nascem em Portugal. Além do Click to Pray e do Passo a Rezar, o exemplo mais conhecido será provavelmente a aplicação Missas em Lisboa, lançada em maio de 2015 pelo Patriarcado de Lisboa. A ideia é simples, mas tem sido um sucesso: a aplicação mostra as horas das missas nas 285 paróquias do Patriarcado de Lisboa, todos os dias, e ainda dá sugestões de cânticos e orações. Na altura, os responsáveis da diocese explicavam que 31% dos acessos ao site eram feitos a partir de telemóveis e que a funcionalidade mais procurada era o horário das missas. Criar a aplicação foi o passo lógico seguinte.

Um exemplo mais recente é a Candla, uma aplicação desenvolvida por jovens portugueses e que permite acender velas à distância, através de um clique. Muitas igrejas em Lisboa, como o Mosteiro dos Jerónimos ou a igreja de Santo António, já aderiram ao projeto, que passa pela instalação de um velário — uma estrutura com velas eletrónicas ligadas à aplicação — e pela inclusão da igreja no software. Depois, basta ao utilizador selecionar qual a igreja em que quer acender a vela e clicar em “acender vela”.

João Pessoa e Costa, um dos responsáveis pelo projeto, explica ao Observador que este tem potencial para beneficiar, sobretudo, os emigrantes portugueses, “que podem, mesmo estando a quilómetros de Portugal, acender uma vela na sua igreja, ou no Santuário de Fátima, por exemplo; acreditamos que pode contribuir muito para a piedade popular”, sublinha. O objetivo, acrescente o responsável, é que o Papa Francisco acenda uma vela através da Candla quando estiver em Portugal, em maio de 2017.

4 fotos

Fora de Portugal, um arcebispo escocês criou a The Catholic App (a Aplicação Católica), uma espécie de Uber das confissões. A app permite encontrar um padre nas proximidades que esteja disponível para uma confissão e já lhe valeu a alcunha “Sindr” (do inglês sin, pecado, numa comparação com o Tinder). Quando apresentou a aplicação, na praça de S. Pedro, no Vaticano, o arcebispo de Edimburgo, Leo Cushley, garantiu que se tratava de “um pequeno pedaço de tecnologia que pode ter um grande impacto na forma como a Igreja Católica leva a misericórdia de Deus e a alegria do Evangelho ao nosso mundo contemporâneo”.

A app funciona com base no posicionamento por GPS e inclui ainda algumas funcionalidades adicionais, como o horário da missa mais próxima, o agendamento de uma confissão, ajuda espiritual para a preparação da confissão e as notícias da diocese em que o utilizador se encontra. A novidade chega em 2017, e só poderá ser utilizada nos territórios das dioceses que adiram ao projeto.

Não são apenas os fiéis que beneficiam destas inovações. O iBreviary, por exemplo, nasceu para facilitar a vida aos padres, e até pode ser utilizado para substituir o missal, em cima do altar durante a missa. Trata-se de uma aplicação que contém as indicações de leituras, orações e textos necessários para diversas celebrações católicas, incluindo a missa.

“A relação da Igreja com os novos media sempre foi muito aberta”

Desde que o Vaticano instituiu, em 1963, o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que a Igreja Católica tem vindo a aproximar-se progressivamente dos novos meios de comunicação. Na primeira mensagem para a efeméride, em 1967, o Papa Paulo VI assumia: “O tempo e o espaço foram superados, e o homem tornou-se um cidadão do mundo”. Ainda se referia sobretudo à televisão e à rádio, mas em 2002 já João Paulo II se referia à Internet como “um novo foro para a proclamação do Evangelho”. Em 2016, o Papa Francisco, utilizador frequente do Twitter e do Instagram, sublinhou que “as redes sociais são capazes de favorecer as relações e de promover o bem da sociedade”.

Um padre na aldeia global

Mostrar Esconder

Um padre na aldeia global, publicado em 2014, resulta de uma investigação detalhada do padre Américo Aguiar à relação entre a Igreja Católica e as novas tecnologias da comunicação. O sacerdote recolhe os contributos dos vários Papas ao longo da história da Igreja para a inovação tecnológica e procura explicar como é que a missão da Igreja pode beneficiar dos novos meios de comunicação digitais.

livro-padre-americo

“A Igreja é das primeiras instituições a acolher, das primeiras a utilizar e das primeiras a institucionalizar o uso dos novos meios de comunicação”, sublinha o padre Américo Aguiar, diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja. Padre desde 2001, o sacerdote de 43 anos decidiu fazer um mestrado em Ciências da Comunicação, do qual resultou uma tese com um título bem sugestivo: Um padre na aldeia global. “Na tese que fiz, encontrei uma circunstância muito interessante, e que vem contrariar o mito urbano que existe em relação à Igreja e às novas tecnologias de cada tempo”, destaca Américo Aguiar ao Observador. “Às vezes ouve-se dizer que a Igreja se fecha perante as novidades, e o que eu reparei é que na história a relação da Igreja com os novos media sempre foi muito aberta”, assegura ainda o sacerdote.

Aliás, destaca Américo Aguiar, a Igreja tem até estado à frente do seu tempo no que diz respeito às novas tecnologias: “É interessante ver a evolução do discurso dos Papas, que entre a descoberta do mundo da internet, a assunção, a utilização e o incentivo a essa mesma utilização, têm estado sempre à frente”. O sacerdote recorda as palavras de Paulo VI, “que dizia que a Igreja se sentirá culpada se não usufruir, não utilizar e não capitalizar as possibilidades dos novos media naquilo que é a sua função principal, que é a evangelização”.

Na tese que fiz, encontrei uma circunstância muito interessante, e que vem contrariar o mito urbano que existe em relação à Igreja e às novas tecnologias de cada tempo. Às vezes ouve-se dizer que a Igreja se fecha perante as novidades, e o que eu reparei é que na história a relação da Igreja com os novos media sempre foi muito aberta.
Padre Américo Aguiar

E em Portugal não faltam bons exemplos, como o Click to Pray ou o Passo a Rezar, “que são faróis que iluminam e que têm saltado à vista, por terem chegado ao patamar internacional”, considera o autor de Um padre na aldeia global. “E depois temos padres nas paróquias, temos muito bons exemplos daquilo que se tem feito em paróquias e congregações na utilização dos novos media“, acrescenta Américo Aguiar. Casos como o do padre Júlio Grangeia, por exemplo.

Para Américo Aguiar, a Igreja enfrenta permanentemente o desafio de “ser capaz de falar, em cada tempo, a linguagem dos seus destinatários”, estando “atenta aos sinais de cada tempo”. E a Igreja “tem-no feito com excelência”, garante. Mas deixa um alerta: “Há uma coisa que nunca podemos deixar de ter presente. Ao utilizarmos o fenómeno da comunicação com novas tecnologias, não podemos esquecer-nos de que estamos a proporcionar um encontro”. No entanto, lamenta, “há muitas aplicações que, em vez de nos aproximarem, acabam por nos afastar mais”. O aviso é claro: “Não devemos deixar que as tecnologias se desenvolvam de tal maneira que deixemos de precisar uns dos outros”.

“Não reagir no imediato não é sinónimo de falta de atenção”

Pedro Jerónimo, investigador do CIC.Digital (Centro de Investigação em Informação, Comunicação e Cultura Digital) e professor universitário de comunicação, tem estado atento a este fenómeno de aproximação da Igreja Católica ao mundo digital. “É um percurso natural, a Igreja é a instituição mais antiga do mundo, mas está atenta àquilo que se passa no mundo e com as pessoas”, sublinha o investigador. E os próprios cristãos, “se são coerentes com o Evangelho offline, também o são online“, destaca Pedro Jerónimo, que tem analisado as posturas dos Papas relativamente à era digital. “Quem deu mais importância a isto foi Bento XVI, que sempre deu destaque à internet e às redes sociais”.

Os Papas e as redes sociais

Mostrar Esconder

A 12 de dezembro de 2012, o Papa Bento XVI inaugurava uma nova era na comunicação da Igreja Católica. Rodeado de bispos, monsenhores e jornalistas, o Papa Bento XVI clicava num tablet, no Vaticano, e publicava o primeiro tweet papal. A Igreja Católica dava um passo definitivo na relação com a internet, à medida que os tweets de Bento XVI se tornavam famosos em todo o mundo.

Pope Benedict XVI clicks on a tablet to send his first twitter message during his weekly general audience on December 12, 2012 at the Paul VI hall at the Vatican. Pope Benedict XVI sent his first Twitter message from a digital tablet on Wednesday using the handle @pontifex, blessing his hundreds of thousands of new Internet followers. AFP PHOTO / VINCENZO PINTO (Photo credit should read VINCENZO PINTO/AFP/Getty Images)

Quatro anos mais tarde, foi a vez de Francisco, o papa inovador, dar um outro passo no incontornável mundo das redes sociais: o líder da Igreja Católica juntava-se ao Instagram, que ainda hoje utiliza com frequentemente. Atualmente, o Papa conta com 10 milhões de seguidores no Twitter e 3,4 milhões no Instagram.

instagrampapafrancisco

Para o investigador, era imperativo que a Igreja olhasse para tecnologias como as apps como um instrumento para a sua missão. “Hoje temos este espaço em que as pessoas passam cada vez mais tempo, que é um espaço de comunicação e de socialização. Por isso, a Igreja olha para esse espaço e pensa: ‘As pessoas estão lá’. E reconhece que tem de estar lá também”, explica Pedro Jerónimo. No entanto, da teoria à prática “vai uma grande distância”. “Há muitos anos que se fala do digital na Igreja, em encontros de responsáveis, e as conclusões andam sempre à volta do mesmo”, considera o investigador, ao mesmo tempo que avisa: “Não reagir no imediato não é sinónimo de falta de atenção. A Igreja está atenta às transformações, mas tem sobretudo uma atitude prudente, de reflexão, que pode muitas vezes parecer de atraso, mas que é sobretudo de prudência”.

Em última análise, “depende da sensibilidade de cada pessoa, de cada padre, de cada diocese, porque quando falamos em Igreja falamos em pessoas”, explica Pedro Jerónimo, lembrando que “quem decide estas coisas são sempre os bispos”. Mas os últimos anos têm sido particularmente férteis no que toca à Igreja digital, especialmente depois de uma iniciativa que o investigador considera “um ótimo ponto de partida”: “O novo diretor do secretariado das comunicações, o padre Américo Aguiar, decidiu dar uma volta pelo país a falar disto às pessoas e ver o que está a acontecer em cada uma delas — muitas vezes a diocese vizinha nem sabe o que a outra está a fazer”.

“O papel da Igreja não será mais do que qualquer outra instituição: deverá promover mais espaços de reflexão sobre as tecnologias digitais”, assegura o professor, que aplaude aquilo a que chama a prudência institucional da Igreja: “Aparecem coisas novas todos os dias, que as pessoas incorporam imediatamente no quotidiano, mas não se sabe que consequências práticas a longo prazo as tecnologias poderão ter”. E lembra, como orientação para o que deve ser a relação dos católicos com o ambiente digital, as palavras de João Paulo II, precisamente num dos textos que dedicou ao silêncio e à palavra nas novas tecnologias: “No meio desta informação toda, é necessário parar”.

Assine o Observador a partir de 0,18€/ dia

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Vivemos tempos interessantes e importantes

Se 1% dos nossos leitores assinasse o Observador, conseguiríamos aumentar ainda mais o nosso investimento no escrutínio dos poderes públicos e na capacidade de explicarmos todas as crises – as nacionais e as internacionais. Hoje como nunca é essencial apoiar o jornalismo independente para estar bem informado. Torne-se assinante a partir de 0,18€/ dia.

Ver planos