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16 de junho de 2015. Donald J. Trump, 70 anos, multimilionário, estrela de reality-shows, dono e senhor do concurso Miss Universo, anunciava oficialmente a sua candidatura às eleições presidenciais norte-americanas de 2016. Foi, naturalmente, ridicularizado. O FiveThirtyEight, um reconhecido site especializado em análise de sondagens, por exemplo, dizia mesmo que o excêntrico magnata tinha mais hipóteses de jogar na final da NBA ou de participar novamente numa sequela do filme “Home Alone” do que conseguir ser nomeado candidato republicano à Casa Branca — sim, “The Donald” teve uma participação especial no segundo filme da série “Sozinho em Casa”.
O mesmo FiveThiryEigth lembrava na altura que 57% dos republicanos tinham uma opinião negativa sobre Donald Trump — um recorde em termos de falta de popularidade. As probabilidades de vir a ser nomeado eram quase anedóticas. Irrisórias, no mínimo. No entanto, depois de uma campanha em que somou uma quase interminável lista de polémicas, sob o lema pomposo “Make America Great Again” (qualquer coisa como “Tornar a América Grandiosa Outra Vez”), Trump foi deixando para trás, um a um, mais de uma dezena de candidatos. Jeb Bush, o suposto herdeiro da dinastia Bush, caiu. Marco Rubio, então considerado o rosto da tão anunciada renovação republicana, não resistiu à “febre laranja”. Ted Cruz, o superfavorito do Tea Party, a influente ala do partido, idem, idem, aspas, aspas.
Esta segunda-feira, dia em que arranca a Convenção do Partido Republicano, em Cleveland, Ohio, Trump enfrenta os delegados do partido tal como o jovem Kevin (Macaulay Culkin) enfrentou as ruas de Nova Iorque, em “Home Alone 2”: precisamente sozinho. Surge sem oposição depois de ter derrotado todos os oponentes. 398 dias depois de ter anunciado a candidatura, a convenção de Cleveland será o momento de consagração de “The Donald” como candidato republicano a sucessor de Barack Obama.
O ainda Presidente norte-americano bem vai dizendo que o “laranja não é o novo preto“, uma brincadeira entre a cor de cabelo (e excesso de solário) de um, a tez de outro e a série “The Orange is the New Black“. Mas Donald Trump já provou que deve ser levado muito a sério.
O programa com que se apresenta a estas eleições é relativamente curto. Mas a mensagem é eficaz, à semelhança de “The Donald”. Construir um muro ao longo da fronteira com o México, para impedir a entrada dos “traficantes, assassinos e violadores” mexicanos, e obrigar o Governo mexicano a pagar por esse mesmo muro; acabar com o Obamacare; alterar profundamente o acordo de comércio com a China; conduzir uma verdadeira reforma fiscal; e endurecer a política de imigração, por exemplo.
As ideias e propostas de Trump, como demonstram os resultados alcançados, têm um inegável mérito: conseguiram capitalizar o medo e a frustração que muitos norte-americanos sentem com a falência do “sonho americano”. Mas quais são as verdades e mentiras do que vai defendendo o homem que enfrenta Hillary Clinton a 8 de novembro de 2016?
Trump pode mesmo obrigar o México a pagar pelo muro?
Tornou-se o grande símbolo da campanha de Donald Trump: o presumível candidato republicano prometeu, desde o primeiro dia da corrida eleitoral, construir um muro de betão ao longo de toda a fronteira com o México para travar a entrada de imigrantes ilegais.
No mesmo dia em que apresentou a candidatura à Casa Branca, o magnata do setor imobiliário foi perentório. “Eu vou construir um grande muro — e ninguém constrói muros melhor do que eu, acreditem — e vai ser muito barato. Vou construir uma grande muralha na nossa fronteira a Sul. E o México vai pagar por ela”.
A ideia de Trump — que Hillary Clinton chegou a classificar de “pura fantasia” — foi colhendo um fervor crescente dos apoiantes do multimilionário. O problema com a proposta de Donald (ou um dos vários problemas) é que foi evoluindo a cada intervenção do candidato. Ninguém sabe exatamente quanto vai custar a “grande muralha” de Trump — nem o próprio, aparentemente.
Os analistas que se dedicaram a esmiuçar a proposta chegaram à conclusão que para cumprir o plano de Trump seriam necessários mais de 25 mil milhões de dólares. Seria uma infraestrutura com mais de 3 mil quilómetros de comprimento e 30 metros de altura. Bem longe das previsões que Trump foi atirando em cada comício. E tudo isto sem contar com os custos de manutenção, que fariam disparar a obra para valores ainda mais astronómicos, e os muitos obstáculos políticos, legais e constitucionais que uma construção desta natureza enfrentaria antes sequer de ser lançada a primeira pedra.
Mesmo ignorando todas as fragilidades do projeto de Trump, o republicano foi garantindo que seria o México a pagar pelo muro. Como? Na prática, Trump acredita que pode usar o défice comercial que o México tem com os Estados Unidos — cerca de 58 mil milhões de dólares — para obrigar o Governo mexicano a pagar o muro. O problema? O facto de os norte-americanos comprarem mais 58 mil milhões em bens e serviços não significa que o Governo mexicano tenha sequer essa verba para devolver aos Estados Unidos, como explica a The Atlantic. São realidades completamente diferentes.
Mas Trump já previu todos os cenários. No programa eleitoral, disponível no site do candidato, o republicano traça detalhadamente o plano caso o Governo mexicano não aceite pagar voluntariamente. Primeiro passo: o Tesouro norte-americano criaria duras restrições legais ao envio de remessas de cidadãos mexicanos nos Estados Unidos para o México. Obrigaria, por exemplo, os bancos a exigirem documentos legais aos trabalhadores de nacionalidade mexicana antes de procederem à transferência. Estariam em risco 23 mil milhões de dólares em remessas anuais, cuja maior fatia, acredita Trump, advém de trabalhadores ilegais. Sem essas remessas, milhares de famílias mexicanas ficariam condenadas à bancarrota. Perante este cenário, o México estaria disposto a pagar imediatamente “5 a 10 mil milhões” para evitar que estas medidas fossem aprovadas, crê o candidato.
Primeiro problema: neste bolo de 23 mil milhões estão remessas de imigrantes legais e ilegais, o que baralha as contas de Trump logo à partida, lembra a The Atlantic. Segundo problema: mesmo que uma legislação deste género passasse no Congresso e nos tribunais, o que é altamente improvável, criaria sérias dificuldades aos bancos norte-americanos.
Se nada disto resultasse, e o Governo mexicano continuasse sem ceder, Trump avançaria para um aumento de taxas aplicadas às transações entre os dois países — que podia passar por uma taxa de 35% aplicada aos bens produzidos no México, por exemplo. Mais: condicionaria de tal forma a emissão de vistos para cidadãos mexicanos que pressionaria o Governo mexicano a ceder. Renegociaria ou rasgaria simplesmente os acordos de livre comércio no âmbito da NAFTA, organização que junta Estados Unidos, Canadá e México e lançar-se-ia numa perseguição sem fim a todos os 11,5 milhões de imigrantes indocumentados, latinos e mexicanos, que residem no país “ilegalmente”.
Mas Trump parece esquecer-se de um pormenor importante: o México recebe anualmente 26 milhões de turistas norte-americanos. Além disso, é o segundo maior mercado de exportação dos Estados Unidos e o terceiro maior parceiro comercial. Há mais norte-americanos a viajarem para o México do que mexicanos nos Estados Unidos. O plano de Trump teria repercussões políticas e económicas absolutamente desastrosas.
E depois há a posição das próprias autoridades mexicanas. Dois antigos Presidentes do México, Felipe Calderon e Vicente Fox, já garantiram que o Estados Unidos não verão um único dólar para a construção do muro — chegaram mesmo a comparar Trump a Adolf Hilter. Luis Videgaray, ministro das Finanças mexicano, foi cáustico: “Digo-o enfaticamente: não existe um cenário em que o México pagaria por esse muro”, uma “ideia absurda que se baseia na ignorância e que não tem sustentação na realidade da integração da América do Norte”.
O humorista e apresentador do Last Week Tonight, John Oliver, de resto, reuniu todas as incongruências de Donald Trump sobre a construção do muro. Vale a pena ver.
Rasgar o Obamacare faria a “América novamente grande”?
A reforma de saúde introduzida por Barack Obama está longe de ser consensual, sobretudo entre os republicanos. Donald Trump, claro, assumiu o Obamacare (oficialmente o “Affordable Care Act”) como algo a eliminar. Certa vez, num comício em Beaufort, na Carolina do Sul, “The Donald” resumiu em poucas palavras o que pensava sobre a Presidência de Obama: “Ele fez um trabalho tão mau como Presidente. Olhem para os orçamentos, olhem para os nossos gastos, não somos capazes de derrotar o Estado Islâmico, o Obamacare é terrível – vamos acabar com isso, vamos absolutamente eliminá-lo. E se olharmos para tudo, as nossas fronteiras parecem queijo suíço, este homem fez um trabalho tão mau, fez-nos recuar tanto”.
No site do candidato, de resto, Donald Trump é claro: “[O Obamacare] resultou tragica e previsivelmente em derrapagem de despesa, sites que não funcionam, maior racionamento de cuidados de saúde, prémios de seguro mais elevados, menos concorrência e menos escolha. O Obamacare elevou a incerteza económica de cada residente neste país”.
Trump propõe-se, resumidamente, a revogar imediatamente a reforma introduzida por Barack Obama e a substituí-la por uma série de incentivos ao mercado livre e por um programa de transferências massivas para os estados, que passariam a assumir um papel central na condução do programa de saúde social dos Estados Unidos — o Medicaid.
No fundo, Trump quer liberalizar e descentralizar (ou federalizar) o sistema de seguros de saúde norte-americano, libertando os cofres do Tesouro de um peso que o republicano considera ser absurdo. As regras da concorrência fariam o resto: no mercado liberalizado, os preços baixariam e os seguros chegariam a mais gente. Controlava-se a despesa e reduzia-se o desperdício de fundos. Sempre com um olho na imigração ilegal: “Assegurar cuidados de saúde a imigrantes ilegais custa qualquer coisa como 11 mil milhões anuais”. É preciso apertar a malha aos imigrantes ilegais, argumenta Trump.
O problema com as propostas de Donald Trump — um problema recorrente, de resto — é que parecem ter pouca sustentação técnica. É isso que nota o Committee for a Responsible Federal Budget, uma organização sem fins lucrativos, sedeada em Washington, que se dedica a escrutinar questões orçamentais e fiscais e que inclui membros destacados dos dois partidos. De facto, federalizar parte do Medicaid, como propõe Trump, por exemplo, poderia poupar centenas de milhões de dólares, admitem os analistas. Mas é tudo de tal forma vago na proposta de “The Donald” que é impossível avaliá-la tecnicamente.
Mas há outras contas que se podem fazer: de acordo com o Committee for a Responsible Federal Budget, o plano de Donald Trump de revogar e substituir o Obamacare custaria entre 330 a 550 mil milhões de dólares.
Mais: o plano duplicaria praticamente o número de cidadãos sem seguro de saúde — 21 milhões de residentes nos Estados Unidos ficariam privados de seguro de saúde.
Uma reforma fiscal neutra para dinamizar a economia. Será mesmo?
O plano de Donald Trump é ambicioso: dinamizar a economia norte-americana através de um corte drástico dos impostos cobrados a pessoas e empresas. Tudo isto sem provocar um rombo nas contas públicas. Mas o plano tem falhas, como quase todos os planos de Trump.
Basta lembrar que o magnata já foi responsável por alguns dos maiores desastres da cena económica norte-americana. O que têm em comum a Trump Airlines, a Trump Vodka, os três casinos Trump, a Revista Trump, a Universidade Trump ou os Trump Steaks (bifes)? Falharam redondamente, mesmo sob o signo do multimilionário.
John Oliver, assumido crítico de Trump, numa rubrica sobre as várias falências das empresas do magnata
Mas voltando à reforma fiscal proposta por “The Donald”. A descida dos impostos cobrados afetaria a generalidade dos norte-americanos, mas acabaria por beneficiar substancialmente as classes mais ricas, como nota a edição internacional da Business Insider. Ou seja, desequilibraria ainda mais a já de si desequilibrada balança social. E esta é apenas a primeira falha no plano de Trump.
A reforma fiscal seria acompanhada por uma descida considerável dos impostos cobrados a empresas — “nenhuma empresa”, independentemente da sua dimensão, “pagará mais de 15%” de impostos, promete o multimilionário, no seu programa eleitoral.
Trump promete ainda um combate cerrado à fuga ao fisco e à fuga de capital para o estrangeiro. O normal funcionamento da economia faria o resto: mais dinheiro nos “bolsos”, mais dinheiro para gastar, mais combustível para fazer rugir o motor da economia norte-americana. É a “economia dinâmica”, insiste Trump.
Mas uma transformação desta natureza implicaria uma profunda perda de receita. O ainda oficioso candidato republicano acredita que essa quebra seria compensada pelo crescimento da economia. A larga maioria dos especialistas, democratas e republicanos, não pode discordar mais, como lembra o Political Fact, um projeto composto por jornalistas que se dedicam, entre outras coisas, a esmiuçar afirmações e dados avançados pelos políticos americanos.
Os números parecem estar, mais uma vez, do lado dos especialistas: a reforma fiscal com que Donald Trump sonhou significaria uma perda de receita na ordem dos 10 biliões de dólares em dez anos — não é engano, são mesmo 10 biliões de dólares. E isto mesmo que a economia, de facto, crescesse, o que não é um dado adquirido, estimam. Seria um duríssimo golpe na economia norte-americana.
Declarar guerra comercial à China. É esse o caminho?
A seguir ao México, a China parece ser o inimigo n.º 1 de Donald Trump. Dono de uma retórica poderosa, o multimilionário já teve algumas tiradas curiosas. Certa vez, num comício no estado do Indiana, disse que a China estava a “violar” os Estados Unidos, referindo-se ao défice comercial entre os dois países. Também já acusou o Governo norte-americano de se comportar como um “bully desajeitado que leva um soco e vai embora”.
Trump quer enfrentar o Governo chinês. Quer recuperar o estatuto de “bully” lá da escola. E como quer fazê-lo? Em linhas gerais, o republicano propõe uma verdadeira guerra comercial à China, denunciando o parceiro asiático como manipulador de moeda, impondo tarifas pesadas aos produtos chineses — que poderiam chegar a 45% — e reforçando a presença militar dos Estados Unidos nos mares que banham o país mais populoso do mundo, como medida de intimidação. Trump acredita que só assim vai recuperar o controlo da economia norte-americana e os postos de trabalho perdidos.
O republicano tem razão nalguns pontos. De acordo com números avançados pela Business Insider, os Estados Unidos perdem todos os anos entre 14 a 150 mil milhões de dólares pelo facto de a China desrespeitar vários tratados internacionais no que toca à propriedade intelectual.
A questão do emprego também é uma causa delicada para milhões de norte-americanos. Um estudo publicado por três economistas norte-americanos, entre eles David H. Autor, do MIT, que mereceu o destaque do The New York Times, concluiu que o crescimento da economia chinesa desde 2000 já provocou a destruição de um milhão de postos de trabalho fabris nos Estados Unidos.
O mesmo jornal norte-americano lembra que os Estados Unidos importaram qualquer coisa como 483 mil milhões de dólares em bens chineses, cerca de um quinto de todas as suas importações. Em contrapartida, e de acordo com dados oficiais, o défice comercial entre Estados Unidos e China atingiu o recorde histórico de 367 mil milhões de dólares.
O problema existe e Trump talvez tenha acertado no diagnóstico: os Estados Unidos ainda não conseguiram encontrar uma solução para fazer face aos desafios causados por uma economia super competitiva como a chinesa. Mas a guerra comercial é a melhor a solução?
Os economistas norte-americanos estão preocupados, como contava aqui o The New York Times. Uma política de tal forma ofensiva poderia levar a China a retaliar, gerando uma tensão económica e política de consequências imprevisíveis. Se a tudo isto juntarmos o México, a Índia ou o Vietname — a quem Trump tem estendido as mesmas críticas — temos um barril de pólvora prestes a explodir. Jim Tankersley, jornalista do Washignton Post traçou aqui um cenário muito negro:
“Infelizmente, os Estados Unidos entrariam em recessão. Cerca de 4 milhões de trabalhadores americanos perderiam os seus empregos. Outros 3 milhões de postos de trabalho não seriam criados. [Seria] uma espiral de redução da atividade económica. Os preços das mercadorias importadas da China e do México subiriam, o que reduziria o poder de compra dos consumidores americanos. Se a China e o México retaliassem, as exportações dos Estados Unidos cairiam, provocando demissões em empresas que dependem dos clientes estrangeiros. A desaleceração do crescimento espalhar-se-ia aos restantes parceiros comerciais, especialmente à Europa, e os mercados de ações mergulhariam [a pique], o que, por sua vez, reduziria ainda mais o crescimento”.
Restringir a imigração criaria mais postos de trabalho para os cidadãos norte-americanos?
Imigração. Imigração. Imigração. Donald J. Trump não se cansa de repetir: “eles”, “os outros”, “os forasteiros”, estão a roubar os postos de trabalho dos cidadãos norte-americanos. E “eles” são geralmente os latinos, em particular os mexicanos. Fechar fronteiras, aumentar o número de agentes que controlam as fronteiras, extraditar todos os condenados — mesmo que seja necessário cancelar a emissão de vistos para os países que não aceitem os criminosos –, reforçar a luta contra os gangues, garantir que os postos de trabalho sejam ocupados, preferencialmente, por cidadãos norte-americanos e acabar com a política de atribuição da cidadania norte-americana a filhos de imigrantes ilegais.
Existem várias falhas na argumentação de Trump, como lembra o FackCheck.org, um site sem fins lucrativos, reconhecido pela crítica, que se assume como não partidário e que se dedica a escrutinar o debate público e político. Trump, por exemplo, diz que a imigração ilegal custa “centenas de milhares de milhões” aos contribuintes norte-americanos — os dados oficiais falam num “impacto modesto”, no limite. “The Donald” garante também que a política de atribuição da cidadania norte-americana a filhos de imigrantes é o maior íman para a imigração ilegal — todos os estudos desmentem esta tese. E estes são apenas alguns exemplos.
No entanto, o principal argumento de Trump para travar a entrada de imigrantes no país passa pela necessidade de proteger os postos de trabalho dos norte-americanos. Para registo ficou mais uma afirmação polémica de Trump, a 7 de novembro, no Arizona: “Eu adoro o povo mexicano. Eu respeito o México. Mas o problema é que os líderes deles são muito mais tenazes, mais espertos e mais astutos do que os nossos líderes. E eles estão a matar-nos nas fronteiras. Estão a roubar os nossos trabalhos. A nossa manufactura. Estão a roubar o nosso dinheiro. Estão a matar-nos”.
De facto, o alarmismo de Trump não podia ser mais infundado. Existem vários estudos publicados que o desmentem e que dão conta, inclusive, que a imigração ilegal tem provocado um aumento do salário auferido pelos cidadãos documentados e nativos norte-americanos, como sublinhava a Forbes.
O impacto da imigração, a existir, será residual. O que não é residual é o impacto que a imigração terá durante os próximos 40 anos: segundo a Business Insider, serão os imigrantes os responsáveis pelo crescimento da força de trabalho nos Estados Unidos. A perda dessa mão-de-obra representaria cerca de 1,2 biliões de dólares para a economia norte-americana.
Nem tão pouco seria residual o impacto negativo das políticas de restrição à imigração pensadas por Trump: o investimento no controlo das fronteiras custaria qualquer coisa como 400 mil milhões de dólares. Já deportar todos os imigrantes ilegais custaria 11,2 milhões.