Afonso Reis Cabral
Afonso Reis Cabral nasceu em 1990, em Lisboa, cidade à qual só haveria de regressar 18 anos depois para ingressar na faculdade. Ainda bebé mudou-se para o Porto, a cidade da família paterna. Foi na Invicta que cresceu e aprendeu a escrever as primeiras linhas tortas. No Porto, estudou no Colégio dos Cedros e depois na Escola Secundária Rodrigues de Freitas. Em Lisboa, ingressou no curso de Estudos Portugueses da Universidade Nova, instituição onde tirou o mestrado na mesma vertente. Trabalhou como revisor em diversas editoras e, atualmente, é coordenador editoral na Alêtheia, a editora de Zita Seabra.
Ávido leitor desde muito cedo, começou a escrever os primeiros poemas aos nove anos. Aos 15 lançou o primeiro livro, Condensação, antes de esquecer os versos e atirar-se à prosa. A escrita, dizem, está-lhe no sangue. Trineto de Eça de Queirós, Afonso Reis Cabral não esconde o orgulho de ser descendente de um dos maiores nomes da literatura portuguesa. Mas a herança centenária não lhe pesa e Afonso depressa encontrou o seu próprio caminho.
Em 2014, venceu o Prémio Leya com o romance O Meu Irmão, sobre a relação entre dois irmãos, um deles com Síndrome de Down. Uma “leitura que nos confronta com a dificuldade de um mundo impiedoso”, como referiu na altura o júri. O livro foi um sucesso de vendas, e um segundo já está prometido. “Está em construção”, admitiu Afonso em entrevista ao Diário de Notícias. Resta-nos esperar por ele. Talvez chegue em 2016. Até pode lê-lo aqui na opinião do Observador.
Fernando Pimenta
Parece que já anda sentado num caiaque, de pagaia nas mãos, há muito tempo. Verdade, mas por culpa das mais de cem medalhas que guarda em casa e dos pódios onde termina quase todas as provas em que participa é que, a remar a remar, os 26 anos de Fernando Pimenta parecem ser poucos. Venceu duas medalhas de prata nos Jogos Europeus de Baku e, meses depois, saiu dos Mundiais de canoagem, em Milão, com o bronze. Sempre no K1, com um caiaque só para ele.
Foi a dividir um caiaque com Emanuel Silva, em 2012, que conseguiu um sorriso de prata nos Jogos Olímpicos. Será a remar sozinho, porém, que chegará ao Rio de Janeiro como o português que talvez mais hipóteses terá de pendurar uma medalha ao pescoço — além das que poderá conseguir nas provas de K2 ou K4. É muito por culpa de Fernando que a canoagem é a modalidade que mais medalhas deu a Portugal neste século. “Estamos a habituar demasiado bem os portugueses ou as pessoas que trabalham connosco. Geralmente, a cada prova que vamos conseguimos trazer, pelo menos, uma medalha”, dizia Fernando ao Observador, em julho. Tem toda a razão.
Diogo Ribeiro (Francis Dale)
Diogo Ribeiro tem 26 anos, nasceu e vive em Lisboa, formou-se em Engenharia Informática no Instituto Superior Técnico e atualmente estuda Composição na Escola Superior de Música. É professor na Escola de Música Nossa Senhora do Cabo (em Linda-a-Velha) e, quando sobe ao palco, veste a pele de Francis Dale.
Em 2013 partilhou no Bandcamp os quatro temas de Lost in Finite, um aquecimento do que viria a ser, dois anos mais tarde, o EP Francis Dale, um disco que mereceu bons elogios do público, dos pares e da crítica. Tem nos estudos clássicos de composição a ferramenta que lhe permite brincar, no bom sentido, com a eletrónica. Escolheu o inglês para cantar a nova soul music e R&B, um talento que também se ouve na voz, instrumento poderoso e cada vez mais afinado, como pudemos testemunhar ao vivo, no Observador.
Diogo Ribeiro é simpático, trabalhador e talentoso. Francis Dale começa a ganhar balanço. O melhor ainda está para vir, já em 2016.
Guilherme Gomes
Nos inúmeros concursos de talentos da televisão, quantos concorrentes com 17 anos escolheram como arte declamar poesia? Um. Aconteceu em 2011, com um jovem de Viseu chamado Guilherme Gomes. Finalmente havia poesia de Álvaro de Campos em horário nobre. Um ano depois, o declamador partiu em direção a Lisboa para estudar na Escola Superior de Teatro e Cinema. Precisava saber interpretar os textos que lia com tanta sensibilidade para se tornar num ator.
Há pouco tempo, o ator e encenador Luís Miguel Cintra entregou-lhe a responsabilidade de ser o mais jovem Hamlet do teatro nacional. “É com uma imensa confiança em ti, e grande alegria, que te apresento a estes senhores como um novo grande ator”, disse, na sua despedida dos palcos, quase como se de uma passagem de testemunho se tratasse. Aos 22 anos, foi um Príncipe da Dinamarca notável. Continuaremos a seguir com atenção este príncipe dos palcos, no reino do Teatro da Cornucópia.
Filipa Neto
No campo do empreendedorismo o nome não passa despercebido. Filipa Neto, 25 anos, é uma das fundadoras da Chic by Choice, uma plataforma internacional digital de aluguer de vestidos de alta-costura. Esta startup teve um ano em grande, com um crescimento mensal entre 12% e 35%. Em agosto comprou a concorrente La Remia e, em novembro, concluiu uma ronda de investimento de 1,5 milhões de euros.
Com o aumento da carteira de clientes — e das responsabilidades –, a Chic by Choice teve também um aumento “significativo” no número de colaboradores. E se o ano de 2015 foi assim, Filipa Neto promete ter ainda cartas para dar no ano que aí vem. Em conversa com o Observador, revelou a intenção de partilhar o conhecimento até aqui adquirido para ajudar no lançamento de novas empresas. É também uma jovem portuguesa a ter em atenção em 2016.
Miguel Santo Amaro
Miguel Santo Amaro tem 26 anos e já falámos dele aqui e aqui. Ao nome surge sempre associado um outro, o da Uniplaces, uma plataforma digital de alojamento para estudantes universitários da qual é co-fundador. Como noticiou o Observador em novembro, esta startup portuguesa angariou 22 milhões de euros numa ronda de investimento Série A — o valor mais alto alguma vez conseguido por uma empresa portuguesa. Por essa altura a Uniplaces tinha cerca de 120 colaboradores e, para 2016, o objetivo é chegar aos 200. “Queremos atrair mas talento para a empresa”, disse Miguel Santo Amaro ao Observador.
No próximo ano a Uniplaces espera “consolidar o mercado europeu”, chegar a “novos mercados” e tornar-se “um dos grandes exemplos de empreendedorismo nacional”. “Há poucas empresas a querer conquistar o mundo a partir de Portugal” e, por isso, a “ideia para 2016 é conseguir provar que [isso] é possível”. Como? Alcançando “uma perspetiva mais internacional, mais global, a partir de Lisboa”, “com as equipas estratégicas e com o core da empresa em Portugal”, explicou.
Mariana, a Miserável
Trocou o apelido de batismo, Santos, por Miserável. Mas, aos 29 anos, Mariana está longe de ter motivos para se sentir triste. As suas ilustrações já são bem conhecidas no meio artístico do Porto — a artista é de Leiria — mas, cada vez mais, mostram-se nas galerias do resto do país.
Quando pega nos lápis e nos pincéis, não é para retratar a realidade visualmente tal como ela é, a régua e esquadro. Os rostos nas suas ilustrações são compridos, os olhos pequeninos. Mas a realidade está lá, sob o olhar atento — e bem-humorado — de uma artista Miserável que nos alegra com o talento.
Peperan (Ana Correia)
Em maio anunciávamos uma “nova voz em Portugal” chamada YouTube. Ana Correia abria a grande reportagem. E porquê? Porque Peperan é hoje uma das youtubers mais conhecidas em Portugal. A menina de 25 anos começou a fazer vídeos em 2006 porque sempre foi fã de Conan O’Brien e porque gosta de “dizer umas piadas”. A graça e o cabelo vermelho foram conquistando os internautas e 2015 foi o auge da carreira.
15 de março marca a altura em que Peperan decidiu fazer um vídeo que sai do registo cómico e agrafa-se à realidade: assumiu ser lésbica em frente a todos os que a seguem. E são muitos: quase 40 mil seguidores no YouTube, mais de 18 mil no Facebook e 15 mil no Twitter.
Peperan é hoje um símbolo para o público juvenil e adolescente mas também para a comunidade LGBT. A coragem do Coming Out valeu-lhe muitas mensagens de rapazes e raparigas que partilharam o medo de assumir a sua orientação sexual. Alguns chegaram mesmo a mostrar o vídeo aos pais, contou-nos Ana Correia em dezembro. Hoje é presença regular na Sic Radical, faz Stand-up comedy, colabora com algumas associações (ILGA e redeexaequo) e continua a alimentar o canal no YouTube.
Rui Bragança
Ao início não achava piada nenhuma. O jogo do “tocar e não ser tocado” até o aborrecia, não lhe sobrava muita paciência para ter de andar a treinar murros e pontapés contra bonecos, postes e sacos de pancada. Com 13 anos, quando começou, confessou ao Observador que achava “chato” ter de estar “preocupado onde e como devia bater”. Mas quando se livrou da teoria e pôs as proteções para começar a prática, o taekwondo e Rui Bragança deram-se bem à brava.
Os frutos da amizade não param de cair no cesto do vimaranense, de 23 anos — é o atual campeão europeu, está em terceiro no ranking mundial de -58kg e, em julho, foi a Baku, no Azerbeijão, buscar a medalha de ouro na primeira edição dos Jogos Europeus. Tudo isto dá um augúrio sorridente para o que o também estudante de quinto ano de Medicina poderá conseguir nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.