A chamada “exit poll” da BBC dá uma vitória surpreendente ao Partido Conservador [resultado que foi sendo confirmado ao longo da madrugada]. Não deverá chegar para atingir a maioria absoluta, mas a diferença em relação aos Trabalhistas será muito maior do que todas as sondagens previram durante as últimas semanas. A maioria das sondagens deu uma diferença entre 20 e 30 deputados a favor dos Conservadores, e nenhuma deu aos “Tories” mais de 300 deputados. Ora a “exit poll” previu 316 deputados para os Conservadores e 239 para os trabalhistas. Há, no entanto, uma margem de erro na “exit poll”, como a BBC tem avisado desde que a anunciou. A vitória dos Conservadores, contudo, não estará em causa, embora a diferença possa diminuir, ou até aumentar. Todavia, sem uma maioria absoluta dos Conservadores, a diferença poderá ser fundamental.

Vamos assumir que a “exit poll” está correcta (e há cinco anos, esteve). Quais são as conclusões que podemos retirar destes resultados? Em primeiro lugar, mesmo sem maioria absoluta, os Conservadores teriam mais deputados (316) do que os Trabalhistas (239) somados aos Nacionalistas Escoceses (58), aos Liberais Democratas (10) e aos Verdes (2). A soma do centro esquerda seria de 309 deputados, menos 7 do que os Conservadores. Neste cenário, os Trabalhistas não teriam qualquer hipótese de formar uma maioria nos Comuns, ou de constituir governo. Os Conservadores poderiam construir uma maioria absoluta parlamentar, como os votos dos deputados da Irlanda do Norte e do UKIP.

Com esta diferença, o Partido Conservador poderia formar um governo minoritário (mas com uma maioria parlamentar para votar o programa de governo e o orçamento). Uma das consequências poderia ser um referendo sobre a União Europeia, mais cedo que inicialmente previsto, possivelmente durante a primeira metade de 2016. Com este resultado, os Trabalhistas poderão ter eleições para a liderança. Ed Miliband aparentemente fracassou e talvez seja forçado a ceder o seu lugar a outro.

Segundo a “exit poll”, os Liberais Democratas terão um resultado terrível (10 deputados). Nem sequer se sabe se o seu líder Nick Clegg será eleito. Mesmo que seja, dificilmente ficará na liderança. O Ukip terá um resultado abaixo do que esperava (entre 1 a 3 deputados); e não se sabe se o seu líder, Nigel Farage, será eleito deputado. Se isso acontecer, Farage já anunciou que se demitirá da liderança, o que reduziria o impacto do partido durante o referendo europeu.

Na Escócia, prevê-se um resultado histórico. O Partido Nacionalista elegerá 58 deputados, os Conservadores e os Liberais desaparecem a norte da fronteira, e os Trabalhistas quase que desaparecem. A nova líder do partido já anunciou que um resultado desta dimensão dá-lhe legitimidade para defender a realização de um novo referendo sobre a independência. E se o Reino Unido decidir abandonar a União Europeia, a Escócia terá certamente um segundo referendo e o mais provável seria abandonar o Reino Unido para continuar na “Europa”. Estes resultados confirmam o fosso entre a Escócia e a Inglaterra, e cada vez são mais os que duvidam que daqui a dez anos ainda haverá o Reino Unido com as actuais fronterias.

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