Se as famosas projeções das “ten o’clock news”, ou a “exit poll”, estiverem certas, podemos tirar quatro conclusões das eleições britânicas. Em primeiro lugar, foi uma grande vitória de Boris Johnson. Boris conseguiu a maior vitória para o partido Conservador desde Margaret Thatcher. Entre a dama de ferro e Boris, houve seis líderes conservadores. E nenhum deles foi tão atacado pelos trabalhistas como Boris Johnson, nem mesmo David Cameron. Há aqui uma grande lição para os líderes do centro direita em Portugal. Não tenham medo de desagradar às esquerdas. Quando mais forem atacados, melhor serão os resultados eleitorais. Boris terá muitos obstáculos pela frente (e já lá vamos), mas poderá ser PM durante duas legislaturas e o líder conservador mais importante desde Thatcher.
A derrota enorme de Jeremy Corbyn é a segunda conclusão desta eleição. Ao contrário do que acontece na maioria dos países europeus, e do que se previa igualmente para o Reino Unido, não se assistiu à fragmentação do sistema partidário britânico. Os dois maiores partidos receberam mais de 75% dos votos. O confronto entre os dois maiores partidos torna ainda a derrota dos trabalhistas mais significativa. As previsões sugerem que os conservadores venceram em círculos eleitorais onde os trabalhistas ganhavam há mais de 50 anos. O resultado da radicalização à esquerda do Labour foi a maior derrota eleitoral desde 1935. As eleições britânicas mostraram, mais uma vez, que os eleitorados europeus não premeiam admiradores da Venezuela nem saudosistas da União Soviética.
Em terceiro lugar, o Brexit morreu ontem. O Reino Unido abandonará a União Europeia no final de Janeiro. A partir de agora, o que interessa é a futura relação entre o Reino Unido e a União Europeia. Uma maioria grande dos conservadores é uma boa notícia para as negociações entre Londres e Bruxelas. Boris terá margem para fazer concessões e desconfio que se transformará num PM britânico “amigo da Europa”. Uma nota final em relação ao Brexit: os partidos que mostraram falta de respeito pelo resultado de referendos pagam um preço eleitoral elevado.
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