Mulheres iranianas tiraram os véus impostos pela lei islâmica como forma de suscitar o debate sobre o direito de usar, ou não, o hijab (indumentária para as mulheres prevista na doutrina islâmica). O gesto breve foi registado em fotografias e publicado no Facebook num movimento  Stealthy Freedoms of Iranian Women (Liberdades Escondidas de Mulheres Iranianas).

Mais de 100 mulheres já publicaram fotografias sem hijab na página criada por uma jornalista iraniana em Londres. Aparecem no campo, nos subúrbios, junto ao mar ou mesmo em cidades. Algumas indicando que têm o sonho de sentir o vento nos cabelos e que foram os próprios maridos que tiraram as fotografias. Criada no dia 3 de maio a página já conta com mais de 200 mil seguidores.

No Irão, onde o hijab é obrigatório, as mulheres usam a cabeça e parte do corpo cobertos com lenços largos, mas a cara destapada. O seu uso resulta de uma interpretação do Irão da sharia, a lei islâmica, desde a revolução de 1979. As autoridades islâmicas, que receiam que o estilo de vida ocidentalizado ameace os valores islâmicos, ainda não reagiram oficialmente a este movimento.

“Isto sou eu a cometer um crime”, escreve uma rapariga, que publicou uma imagem sentada numa estrada no norte do Irão, com o lenço pousado sobre o ombro, acrescentando: “Às escondidas, mas em paz absoluta”. Outra foto mostra uma avó, uma mãe e uma filha juntas num passeio.

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“Em uma imagem, três gerações agarram a liberdade numa esquina desta rua”, lê-se na legenda, que afirma ainda esperança de que “chegue o dia em que a próxima geração possa exercer este direito tão básico, antes que os seus cabelos fiquem cinzentos”.

Há mais de uma década que este tema tem sido alvo de forte oposição entre as autoridades conservadoras e mulheres que procuram abolir esta regra. A polícia moral tem vindo a multar, fazer avisos verbais ou mesmo detém mulheres que considera que não observam as regras adequadamente.

Esta unidade terá recebido ordens para se conter desde que o presidente, Hassan Rouhani, que se declara moderado, assumiu funções em agosto, prometendo maiores liberdades sociais. No entanto, os mais conservadores do regime opõem-se a qualquer abrandamento das regras.