Quatro a zero. Malditos alemães. Pela segunda vez em seis Mundiais, a seleção nacional arrancava a coxear. Perdeu e, pelo sim pelo não, passou a ter na mão o objeto ao qual tanto está habituado — uma calculadora. Mas que fique bem claro: se Portugal vencer os dois encontros que lhe restam, contra os EUA, hoje, e frente ao Gana, a 26 de junho, não precisa de fazer contas. Está qualificado e olá oitavos de final. O pior é se não o consegue. E aí sim, haverá contas para fazer.
Isto se a seleção apenas vencer um jogo e empatar o outro — único cenário que não lhe rouba esperanças de se qualificar. Uma coisa é certa: no jogo que vencer, Portugal tem de se preocupar em marcar golos. Muitos. A culpa é dos critérios de desempate estipulados pela FIFA. Porquê? São eles que colocam as bolas que entram na baliza no topo das prioridades, caso seja necessário separar duas ou mais equipas que terminem a fase de grupos com o mesmo número de pontos.
Os critérios de desempate da FIFA:
a) o maior número de pontos obtidos em todos os jogos da fase de grupos;
b) a diferença de golos nos encontros;
c) o maior número de golos marcados na fase de grupos;
d) maior número de pontos obtido nos jogos entre as duas equipas;
e) a diferença de golos resultante das partidas entre as duas equipas;
f) sorteio realizado pelo Comité Organizador da FIFA;
Logo, o confronto direto entre as seleções só virá à baila caso elas estejam empatadas em pontos, na diferença de golos e no número de golos marcados nos três jogos. Ou seja, isto será uma preocupação para Portugal se, ao invés de vencer os dois jogos, apenas ganhar um e empatar o outro. Aí as coisas complicam-se.
Imaginemos. Portugal vence os EUA e empata depois com o Gana. Fica com quatro pontos, os mesmos que norte-americanos e alemães terão antes de se defrontarem, na última jornada. Caso isto aconteceça, é neste jogo que equipa de Paulo Bento fica dependente.
O mais arriscado: os EUA ganharem à Alemanha
O pior seria ver os EUA a vencerem os germânicos no derradeiro jogo do grupo. Primeiro, por colocar a seleção nacional num frente-a-frente com a Alemanha. E segundo, porque a equipa comandada por Paulo Bento teria de vencer pelo menos por seis golos contra os EUA ou o Gana. Porquê? Para superar a diferença de golos alemã.
O facto de o confronto direto ser apenas o quarto critério de desempate faz com que a derrota por 4-0 contra a Alemanha possa nem interessar para as contas. Mas para que tal aconteça, Portugal terá sempre de anular o seu atual rácio negativo de golos — está com quatro golos sofridos e nenhum marcado (-4). Portanto, o ideal seria vencer os norte-americanos ou os ganeses pelos tais seis golos de diferença, de modo a tornar o rácio positivo (+2, neste caso).
Isto chegaria para superar a Alemanha, caso a Mannschaft perdesse por um golo contra os norte-americanos — ficaria, nesse caso, com um rácio de +1, inferior ao da seleção. Neste cenário, seriam os EUA e Portugal a seguirem para os oitavos de final. Assumindo, claro, que a seleção nacional empatava o derradeiro jogo com o Gana.
Se Portugal acaba com a mesma diferença de golos e os mesmos golos marcados que a Alemanha, aí nada feito, pois a coisa desempata-se com a derrota (4-0) sofrida no primeiro encontro, em Salvador da Bahia. Uma vitória dos germânicos contra os EUA, porém, garante a passagem de Portugal aos ‘oitavos’, desde que Cristiano Ronaldo e companhia façam quatro pontos nos dois jogos.
E se for um sorteio a decidir tudo?
A FIFA tem seis critérios de desempate definidos. Por isso, para que se chegue ao último, os primeiros cinco têm que permanecer empatados. Esta é uma das hipóteses que existem para Portugal, e até nem é muito difícil que aconteça.
Imaginemos que a seleção empata 0-0 com os EUA, este domingo, vence depois o Gana por 3-0 e os norte-americanos perdem 1-3 com a Alemanha, na última jornada. Portugal e os States ficariam ambos com quatro pontos, três golos marcados e um rácio de golos de -1. Logo, os critérios a), b) e c) não serviriam de nada. E o mesmo se aplicaria a d) e e), face ao empate no duelo entre as duas equipas.
Assim sobraria o ponto f). O tal que meteria a decisão nas mãos da FIFA. Ou melhor, de um sorteio, do qual sairia a seleção qualificada para os oitavos de final. Sim, é isso mesmo: caso este exemplo de cenário se concretize, o futuro de Portugal no Mundial será decidido pela sorte. Eis portanto o sumário desta lição — é obrigatório vencer os EUA. Ponto final.