Um dos grandes erros da direção do PS foi “nunca se ter libertado da agenda que o Governo traçou”, disse esta noite António Costa. Numa longa entrevista à SIC-Notícias, o autarca e candidato nas primárias do PS disse que o problema do país “não é de ritmo (na consolidação das contas)”, mas de “ter uma política diferente”.

E o que teria feito de diferente António Costa? Evitado o “primeiro grande erro desta direção de Seguro”. A saber, ter votado o primeiro orçamento de Passos Coelho, que impunha “o dobro da austeridade” que Costa diz estar prevista no memorando. “O PS não adotou uma posição clara e na altura o que a direção foi impor ao grupo parlamentar a abstenção e até tentou impedir o grupo parlamentar de recorrer ao Tribunal Constitucional” – contra o corte dos subsídios.

Para Costa, porém, o que está feito está feito. “O PS pode arrepender-se, mas corrigir”. Frase chave para nova crítica a Seguro: a de não reconhecer o legado de José Sócrates. Desta feita, Costa introduziu uma novidade. “Houve excesso de voluntarismo, prescindiu do consenso social e consensos políticos para determinadas medidas” – como a construção de grandes obras públicas.  “A guerra com os professores devia ter sido dispensada”, acrescentou também. Depois vieram os elogios, ao plano tecnológico, rendimento de inserção, etc.

Para o Governo sobraram outras críticas, muitas no plano europeu. Costa diz querer aproveitar “a nova maré” que diz existir na Europa para rever as políticas europeias. E que Portugal precisa de um “novo ponto de equilíbrio”, trabalhando “do lado da dívida ou dos recursos disponíveis”. Sem nunca se comprometer com um ou outro caminho, Costa reconheceu também que a construção de outro caminho na Europa terá de ser feito a cada governo que mude (para um de esquerda). E que o processo pode ser longo – “se calhar vão ser precisos mais 30 conselhos europeus”, disse o socialista.

 

 

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