As autoridades dos Camarões estão a investigar o envolvimento de sete dos jogadores da seleção nacional de futebol num esquema de combinação de resultados no Mundial do Brasil. De acordo com a BBC, o comité de ética da federação camaronesa de futebol procura provar a veracidade das alegações de fraude por parte de “sete membros destabilizadores” nos três jogos da fase de grupos. Os Camarões perderam todas as partidas e com um balanço de nove golos sofridos.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, o Presidente dos Camarões, Paul Biya, terá dado um mês (desde o dia 23 de junho, data da eliminação na prova) ao primeiro-ministro para submeter um relatório sobre a “campanha vergonhosa” feita pela seleção na Copa.

A prestação dos Leões Indomáveis, como é conhecida a seleção, correu mal desde o momento em que partiram para a América. Mesmo antes de a competição arrancar, os jogadores recusaram-se a embarcar no avião que os levaria ao Brasil enquanto não recebessem o pagamento dos prémios de participação na competição. O assunto foi resolvido, a equipa embarcou – ainda que com quase um dia de atraso – e a federação pagou, mas para isso diz ter tido de pedir um empréstimo para satisfazer as exigências dos jogadores, aumentando a quantia dada a cada um em 12 mil dólares (mais de 8 mil euros), escreve o Guardian, que acrescenta que o valor total do bónus não foi revelado.

Feitas as contas aos três jogos da fase de grupos, os Camarões de Samuel Eto’o sofreram nove golos, depois de terem perdido 1-0 frente ao México, 4-0 frente à Croácia e 4-1 no jogo contra o Brasil. O único golo marcado foi no terceiro e último jogo, quando já nada havia a fazer para seguir em frente para os oitavos.

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O jogo contra a Croácia é o que está a levantar mais polémica, depois de dois jogadores camaroneses, Benoît Assou-Ekotto e Benjamin Moukandjo, se terem envolvido em confrontos, e depois de Alex Song ter sido expulso por ter dado um murro nas costas de um croata.

“Alguns jogadores estiveram muito mal”, disse o treinador Volker Finke no fim da partida, sublinhando que o jogo estava inicialmente equilibrado e que os Camarões podiam ter marcado se quisessem. “O comportamento de alguns membros da equipa não é nada satisfatório, mesmo quando éramos 11, a sua prestação não foi aceitável”, disse.

Depois da eliminação, os media locais pediram sanções. Num dos tablóides lia-se, na primeira página, a menção “Todos culpados” acompanhada das fotografias do ministro do Desporto, do selecionador nacional Volker Finke e do capitão Samuel Eto’o. Todos responsáveis pela “prestação vergonhosa” dos Camarões no Mundial, dizem.

No Gana, o cenário é semelhante, com problemas disciplinares e orçamentais a ditarem a prestação da seleção na Copa e a levantarem questões de fraude e boicote.

Horas antes do derradeiro jogo do Gana na fase de grupos, frente a Portugal, dois jogadores foram impedidos de jogar pela Federação. Sulley Muntari foi suspenso por atacar “sem motivo um membro do Comité Executivo da GFA [associação ganesa de futebol]”, e Kevin-Prince Boateng foi sancionado na sequência dos “vulgares insultos verbais” que o médio do Schalke 04 terá dirigido durante a semana a Kwesi Appiah, o selecionador nacional.

As suspensões surgiram depois de também o Gana ter resolvido uma disputa em torno do pagamento de bónus pela participação no Mundial que era exigido pelos jogadores, com o o Presidente do país, John Mahama, a intervir pessoalmente, enviando a quantia necessária para o Brasil a tempo de a seleção entrar em campo.

No seguimento dos incidentes, John Mahama, já afirmou que iria abrir uma investigação à prestação da seleção na competição, e já demitiu o ministro do Desporto e o seu vice. Em três aparições em mundiais de futebol, esta é a primeira vez que o Gana falha o apuramento para os oitavos de final.