A Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem 300 milhões de euros expostos a sociedades detidas pelo Grupo Espírito Santo ronda, avança o Público. Entre as empresas que se foram financiar junto da CGD está a Espírito Santo Internacional (ESI), que controla o Espírito Santo Financial Group (ESFG), o maior acionista do BES, e que pode vir a pedir a proteção de credores. De acordo com o Expresso, a pressão para que haja uma intervenção estatal no BES “tornou-se intensa”.

Todos os créditos terão garantias reais como ações ou imobiliário. De acordo com o jornal Público, a ESI terá entregue como aval do empréstimo que contraiu junto da CGD, por exemplo, ações da ESFG – que na quinta-feira pediu à CMVM a suspensão da negociação na bolsa de Lisboa. A decisão da holding, com sede no Luxemburgo, terá tido a ver com a possibilidade de o seu controlador, a ESI, avançar com um pedido de insolvência com protecção judicial.

Se o pedido se confirmar, a CGD poderá perder o valor total ou parcial, mediante o contrato que celebrou e que prevê que, sempre que o título caia abaixo de um certo valor, o credor possa exigir ou o reforço de garantias ou a venda das ações. A execução dos títulos da ESFG é outra opção, o que tornará a CGD acionista do BES. A Caixa pode exigir, ainda, que as ações sejam vendidas.

Para além do apoio financeiro dado à ESI, a CGD tem também créditos junto da Comporta, empresa onde a família Espirito Santo agrega várias propriedades. Neste caso, recebeu como garantia ativos imobiliários.

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Mercados querem intervenção do Estado, governo quer evitar desastre político

Na quinta-feira, a CMVM proibiu a venda a descoberto de ações do BES. No entanto, a meio da manhã de sexta-feira, a Comissão levantou a suspensão da negociação das ações. Após as fortes quedas nos últimos dias, o principal índice da bolsa portuguesa encerrou a sessão de a avançar 0,62% para 6.142,87 pontos, em linha com a Europa. Porém, os títulos do BES voltaram a afundar no regresso à negociação, baixando 5,50% para 0,481 euros, a maior queda da sessão. O que levou a CMVM a estender a proibição de vendas a descoberto das ações do BES por mais dois dias úteis, segunda e terça-feira da próxima semana.

De acordo com o Expresso, a descida das ações, das obrigações e do rating do BES está a fazer com que existam pressões dos mercados financeiros para que haja uma intervenção estatal. No entanto, o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, com o apoio do primeiro-ministro Passos Coelho, querem evitar essa situação a todo o custo. Para o Governo, uma intervenção pública no BES seria um desastre político.

Por detrás das mensagens de tranquilidade aos depositantes, o Governo pressiona Carlos Costa para que acelere o processo de reestruturação do Grupo Espírito Santo e a entrada dos novos administradores. Na sexta-feira foi já anunciado o nome de José Honório para o cargo de novo vice-presidente da Comissão Executiva do BES.