Até há uns meses era deputado. Conseguiu uma cadeira no Parlamento após demissão de uma deputada, já que o fraco resultado do PSOE nas últimas legislativas não lhe permitiu o acesso direto às bancadas parlamentares. Agora, Pedro Sanchéz, o candidato que no mês passado contava com o apoio de apenas 10% dos militantes, é o novo secretário-geral do PSOE. No seu discurso após serem conhecidos os resultados eleitorais, Sanchéz prometeu “mudar o partido”, para que possa voltar “a ser uma maioria”, e garantiu que “o princípio do fim do tempo de Mariano Rajoy” está perto.
Aos 42 anos, Pedro Sanchéz disse que seria o “candidato da estrada” e assim foi. Antes de formalizar a sua candidatura à liderança do partido, Sanchéz fez 30 mil quilómetros em oito meses no seu Peugeot 407, com o único objetivo de percorrer o país e de se dar a conhecer aos militantes do PSOE.
Sanchéz é licenciado em Ciências Económicas e Empresariais pela Universidade Complutense de Madrid, mestre em Economia Polícia Europeia pela Universidade Livre de Bruxelas e em Liderança Política pelo Instituto de Estudos Superiores da Empresa, e doutorado em Economia e Empresas na Universidade Camilo José Cela de Madrid.
Trabalhou durante um curto período de tempo no departamento de Relações Internacionais das Nações Unidas e no gabinete do Alto Representante da ONU na Bósnia, e foi assessor no Parlamento Europeu durante dois anos. Realizou alguns trabalhos enquanto economista para o PSOE nos primeiros anos do mandato de José Luis Zapatero, que decidiu inseri-lo na equipa encarregada de promover a então ministra Trinidad Jiménez em Madrid e o colocou nas listas para as eleições municipais de 2003. Aos 31 anos Pedro Sanchéz era o responsável pelas pastas da Economia e do Urbanismo em Madrid, a maior câmara espanhola, e continuava a trabalhar para o então número dois do partido, José Blanco.
Quando quis saltar para os palcos da política nacional, decidiu trocar o distrito de Tetúan, no centro de Madrid e onde viviam os seus pais, pelo município de Pozuelo de Alarcón. Mas as suas ambições foram adiadas quando o resultado das legislativas de 2008 não lhe permitiu obter um assento parlamentar. Chegou ao Parlamento um ano depois, para ocupar o lugar que o deputado Pedro Solbes deixou livre. Conseguiu subir uns lugares nas listas do PSOE mas voltou a ter de esperar mais de um ano para regressar ao Parlamento, novamente para substituir um deputado. Para poder ser candidato à liderança do PSOE, Sanchéz também teve que esperar que abrisse uma “vaga”. Desta vez, foi a da andaluza Susana Dias, cuja decisão de não se candidatar abriu o caminho ao agora secretário-geral do partido.
Os que já trabalharam com ele dizem que é “muito trabalhador”, “competitivo”, “eficaz”, “ambicioso”, “calculista” e “preciso”. Acrescentam que é “amável” e “simpático”. Casado, tem duas filhas, foi jogador profissional de basquetebol até aos 21 anos e é adepto do Atlético de Madrid.