O encontro entre o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, está marcado para sexta-feira em Maputo, adiantou à Lusa fonte do maior partido de oposição.
Ivone Soares, dirigente e deputada da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), disse à Lusa que esteve no sábado com o líder do partido na Gorongosa, no centro do país, onde Dhlakama se encontra há vários meses, e que hoje se reuniu com Armando Guebuza, em Nampula, no norte, tendo ficado decidido que “o encontro terá lugar na sexta-feira em Maputo”.
A dirigente da Renamo informou que o presidente do seu partido abandona a Gorongosa durante a semana e que a sua chegada a Maputo está prevista para quinta-feira, não tendo ainda sido determinada a localização do encontro na capital moçambicana.
No sábado, esteve também na Gorongosa uma delegação italiana, constituída pelo vice-ministro do Desenvolvimento Económico, Carlo Calenda, de visita a Moçambique para participar na Feira Internacional de Maputo (Facim), o embaixador italiano na capital moçambicana, Roberto Vellano, e ainda Matteo Zuppi, da Comunidade de Santo Egídio, instituição que mediou o Acordo Geral de paz, em 1992.
“No decurso do encontro, Dhlakama mostrou sua disponibilidade de retornar a Maputo na quinta-feira para homologar com o Presidente da República, Armando Guebuza, os acordos alcançados e conduzir a sua campanha eleitoral”, informa um comunicado da Embaixada italiana em Maputo, divulgado ao início da tarde de hoje.
“Dhlakama garantiu o seu empenho para que as eleições decorram num clima pacífico e sereno”, prossegue o comunicado, e pediu que “o Governo moçambicano garanta o cumprimento de todos os passos posteriores ligados à aplicação dos acordos, a partir da ratificação parlamentar dos mesmos num breve espaço de tempo”.
O Presidente Guebuza, que se encontra em Nampula para acompanhar o arranque da campanha da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, no poder) para as eleições gerais de 15 de outubro, “confirmou pessoalmente tal compromisso ao vice-ministro Calenda”, segundo a representação italiana na capital moçambicana, que “colaborará com o Governo moçambicano e a Renamo para apoiar o regresso de Dhlakama a Maputo”.
O encontro entre Guebuza e Dhlakama encerra um ano e meio de confrontações militares entre Governo e Renamo, no centro do país, sendo o último ato previsto para validar o cessar-fogo e as bases de entendimento entre as partes, assinados no passado domingo em Maputo pelos respetivos chefes de delegação, com procurações dos seus líderes.
O Governo e o maior partido de oposição estiveram afastados inicialmente pelos termos da lei eleitoral e depois pelo desarmamento do braço armado da Renamo e sua integração das Forças de Defesa e Segurança, bem como pela vigilância do processo e das próximas eleições por observadores internacionais.
Para sair do seu refúgio na Gorongosa, Dhlakama exige a transformação dos documentos do acordo em leis, o que poderá acontecer durante a próxima semana em sessão extraordinária no parlamento.
Hoje começou em todo o país a campanha, que se prolongará ao longo de 45 dias, para as eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais) de Moçambique, nas quais Dhlakama é candidato presidencial pela Renamo e que determinarão o sucessor de Guebuza, impedido de ir a votos por ter atingido o fim de dois mandatos de dez anos.