A zona euro e as instituições europeias estão recetivas ao pedido da Irlanda para pagar antecipadamente o empréstimo ao Fundo Monetário Internacional devido às poupanças que este pode gerar, mas o caso de Portugal não será colocado no futuro próximo porque as taxas de juro no mercado ainda não estão suficientemente baixas para que o pagamento compense, segundo um responsável do Eurogrupo.

O pagamento antecipado do empréstimo ao FMI foi pedido pela Irlanda aos credores europeus porque uma cláusula nos empréstimos do resgate ao país obriga a que os pagamentos sejam feitos em iguais condições a todos os credores.

O tema está a ser discutido na Europa, que vê com bons olhos esse pagamento antecipado apenas ao FMI, considerando que este geraria poupanças para a Irlanda, o que por sua vez daria melhores condições ao país para pagar o seu empréstimo aos fundos de resgate do euro. O ministro das Finanças da Irlanda está hoje na Comissão Europeia a discutir isso mesmo.

O mesmo responsável explicou que que o caso de Portugal, no entanto, ainda não está em discussão porque as taxas de juro da dívida portuguesa no mercado ainda não são suficientemente baixas para que este tema seja sequer discutido no futuro próximo.

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No entanto, as mesmas fontes adiantam que, quando isto acontecer, Portugal pode certamente beneficiar da mesma atitude positiva por parte da zona euro e das instituições europeias que a Irlanda está a beneficiar agora.

No âmbito do pedido de ajuda financeira que Portugal fez ao Fundo Monetário Internacional e a Bruxelas, foi acordado um empréstimo em partes iguais de 26 mil milhões de euros entre três entidades: o FMI, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira e o Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (financiado através do orçamento comunitário).

O empréstimo deveria chegar aos 78 mil milhões de euros, mas Portugal abdicou da última tranche, ao não decidir não pedir uma extensão do programa para concluir a décima segunda revisão, depois do chumbo do Tribunal Constitucional no final de maio, aos cortes salariais na Função Pública, às taxas sobre o subsídio de doença e desemprego e à aplicação da condição de recursos sobre as pensões de sobrevivência.

Por isso, Portugal acabou por abdicar de 900 milhões de euros provenientes do FMI, mas o valor acaba por ser superior aos 25,1 mil milhões de euros que seriam de supor porque o empréstimo não foi contratado em euros, mas em Direitos de Saque Especiais (DSE). Estes direitos de saque são constituídos por um conjunto de moedas, que na altura do desembolso são transformados em euros, mediante a taxa de câmbio de todas essas moedas na altura.

Como tal, o pagamento que Portugal terá de fazer ao FMI será em DSE, o que faz com que o valor em euros dependa das condições de mercado que se verifiquem na altura exata em que se avançar para a amortização do empréstimo.