Um clássico é sempre um clássico. Os adeptos anseiam, as bancadas aquecem, os ânimos fervilham. Seja onde for. Nos milhões de pessoas que vibram com um dérbi em Inglaterra ou nas catacumbas do futebol construído na Argentina. Basta as equipas serem rivais. Como o Deportivo Roca e o Cipolletti o são. As equipas, vindas de terras com o mesmo nome, separadas por 42 quilómetros, encontraram-se no relvado esta quarta-feira. E a coisa, ou o clássico, não correu bem.

Mas só a partir dos 67 minutos. Até aí a bola rolou, o jogo decorreu e o Cipolletti, o visitante, marcou um golo pelo meio. Às tantas, Marcos Lamolla, defesa central, derrubou Héctor Castro, do Deportivo Roca. O árbitro apitou, disse que era falta, foi ao bolso e de lá tirou o cartão amarelo, que mostrou na direção de Lamolla. A entrada fora dura e o castigo justificava-se. Uns quantos jogadores reuniram-se ali, perto da esquina da grande área, a discutirem. Até Fernando Fernández se aproximou do local.

Segundos depois de lá chegar, acendeu o isqueiro que incendiou a confusão — o jogador terá agredido Marcos Lamolla e, desta vez, o árbitro sacava o cartão vermelho do bolso. A discussão aqueceu e um vídeo, gravado pelo canal de televisão do Cipolletti, mostra tudo. Passam uns minutos e, do nada, vê-se Lamolla a começar a correr. Fá-lo durante uns 50 metros, atravessando o relvado, de uma ponta à outra, até chegar perto de Fernández, que já se encaminhara para o túnel de acesso aos balneários.

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Quando terminou o sprint, Lamolla foi impedido de chegar perto do adversário por pelo guarda-redes suplente do Deportivo Roca. E foi aí que tudo explodiu: nesse momento, praticamente todos os homens que estavam em campo começaram uma batalha campal. Murros, pontapés, corridas, futebolistas na relva, uns a fugirem, outros a perseguirem e confusão total. O sumário acabou assim: com o árbitro a mostrar o vermelho a 12 jogadores.

Um dos intervenientes, pelo menos, já se arrependeu. “Foi constrangedor. A minha reação não tem justificação. Estou totalmente arrependido. Vejo vídeo e sinto vergonha”, confessou Marcos Lamolla, citado pelo Olé, queixando-se de que foi agredido por Fernández e expulso logo a seguir. “Com a impotência e raiva do momento, eu tive aquela reação”, explicou o jogador, ao lamentar que “estava fora de [si]”.

Lamolla referiu ainda que um outro jogador do Cipelletti ficou inconsciente, após “levar uma pancada na cabeça”. O encontro em questão, já agora, inseria-se no Torneio Federal A, da terceira divisão argentina.