Yohei Matsugaki começou a aprender português para comunicar melhor com os seus alunos brasileiros e rapidamente desenvolveu um interesse que se estende além da língua, estabelecendo um plano para viajar por todos os países e territórios da lusofonia.

“Quando comecei a estudar português, decidi viajar para os países lusófonos para comunicar em português, para conhecer mais sobre eles”, explica o japonês à agência Lusa, durante uma viagem a Malaca, na Malásia, onde os portugueses chegaram em 1511 e ficaram por 130 anos.

O português que fala, ainda que com alguns atropelos, foi suficiente para despertar a curiosidade dos habitantes do bairro português de Malaca, o chamado ‘Medan Portugis’. Após visitar o museu dedicado à cultura portuguesa, Yohei Matsugaki foi convidado para almoçar com um grupo de ‘portugueses de Malaca’, aqueles que são os descendentes da comitiva liderada por Afonso de Albuquerque que chegou à cidade costeira: camarões com alho e lulas com molho de sambal compunham o menu, acompanhados de canecas de Tiger, cerveja de Singapura popular em toda a Ásia.

Uma vez que o viajante japonês não conhecia o dialeto local do bairro, o papiá kristang, um português antigo mesclado com malaio que data do tempo em que os portugueses ali chegaram pela primeira vez, foi a língua inglesa que serviu para resolver os problemas de comunicação. E como é habitual no ‘Restoran de Lisbon’, onde os portugueses de Malaca’ se reúnem para bebidas e convívio, a refeição termina com um músico local a pegar na guitarra e a presentear o público com um ‘medley’ ímpar: da Tia Anica a Uma Casa Portuguesa, passando pelo Bailinho da Madeira, Papa Joe oferece o melhor da música popular com sotaque do Oriente.

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Yohei Matsugaki já esteve em Goa e em Macau, mas ficou surpreendido pela afabilidade dos ‘portugueses de Malaca’: “Quando viajava em Goa, achei que os portugueses pareciam um pouco introvertidos para com os estrangeiros, mas os aqui têm mais animação, fomos convidados com prazer e ficámos muito surpreendidos”.

Para o japonês, Malaca é “um lugar muito tradicional”, onde “há mistura das pessoas, chineses, malaios, indianos e também portugueses antigos”. “Vivem juntos sem conflitos”, nota.

Os próximos destinos a visitar são Moçambique e Angola, com a primeira viagem já agendada através da universidade onde frequenta uma pós-graduação na área Educação. “Felizmente vou ter oportunidade de viajar para Moçambique no âmbito de uma atividade universitária, vou com um professor mas ele não fala português e precisa da minha ajuda”, explica.

Professor de profissão, Yohei Matsugaki esclarece o porquê de dominar o português: “Como há muitos brasileiros no Japão, os seus filhos têm dificuldade na escola, com a língua. A maioria dos professores japoneses não fala português, por isso decidi estudar”.

Da aprendizagem do idioma à curiosidade pela cultura lusófona foi um pulo. “Historicamente o Japão tem [relações de] amizade com Portugal há mais de 500 anos. Todos os japoneses sabem a história. Quando aprendi a língua, ganhei interesse pela cultura lusófona”, resume.