A generalidade dos observadores admite que a nova Rada Suprema (parlamento) que sair do escrutínio antecipado vai confirmar a hegemonia da corrente representada pelo Presidente Petro Poroshenko, e pelo primeiro-ministro Arseni Iatseniuk, quando prossegue a rebelião no leste com maioria de população russófona.

O cenário político ucraniano alterou-se desde as manifestações das oposições do último inverno na praça Maidan — a emblemática praça da Independência em Kiev e epicentro dos protestos –, que implicaram o derrube do ex-Presidente Viktor Ianukovitch, considerado um aliado de Moscovo.

Entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014 impunham-se três forças políticas que contestavam Ianukovitch: o Batkivchtchina (Pátria) da ex-primeira-ministra Julia Timoshenko e de Iatseniuk, que entretanto formou outro partido; o Udar (Golpe) do ex-boxista Vitali Klitschko, e o ultranacionalista Svoboda (Liberdade).

Após a alteração do poder em Kiev, e a vitória nas presidenciais de 25 de maio do magnata Poroshenko, a plataforma eleitoral que lidera e à qual aderiu Klitschko surge como a favorita nas sondagens, com entre 24% e 40% das intenções de voto dos eleitores que já fizeram a sua escolha.

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As sondagens colocam na segunda posição (12,9%) o Partido Radical de Oleg Lyashko, um político polémico e populista e com posições muito duras face aos rebeldes pró-russos das regiões de Donetsk e Lugansk. Segue-se a Frente Popular do primeiro-ministro Iatseniuk (10,8%), o Samopomitch (8,5%), principalmente integrado por militantes da sociedade civil, e a formação de Timoshenko (7,5%).

Estas sondagens apenas abrangem 225 dos 450 deputados, e eleitos por lista. A outra metade será escolhida em circunscrições onde não foram divulgadas quaisquer projeções.

Todas as formações que surgem nas sondagens são pró-ocidentais, uma alteração substancial face às legislativas de 2012 quando o Partido das Regiões, de Ianukovitch, refugiado desde fevereiro na Rússia, venceu o escrutínio com 30% dos votos. Esta formação anunciou em setembro que não ia concorrer às eleições de domingo.

No entanto, mais de um terço dos eleitores permanece indeciso e a sua opção poderá ser decisiva para os partidos que gravitam em torno dos 5% de votos, a barreira necessária para entrar no parlamento, caso do Partido Comunista (13,1% em 2012) e que se arrisca agora a desaparecer da vida política do país após diversas argúcias legais.

Quanto ao leste do país, com maioria de população russófona, os habitantes destas zonas rebeldes não votam hoje, e os líderes locais já anunciaram eleições “paralelas” para 02 de novembro.

A própria Comissão eleitoral já reconheceu que nas regiões separatistas apenas será possível votar num número muito restrito de circunscrições controladas pelo governo central.