O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, acusou os primeiros-ministros britânico, David Cameron, e italiano, Matteo Renzi, de enganarem os cidadãos sobre as negociações orçamentais na União Europeia (UE). “Não gostei da forma como alguns primeiros-ministros se comportaram depois da cimeira”, disse Juncker numa audição no Parlamento Europeu sobre os resultados da última reunião dos líderes europeus.

Juncker, citado pela agência France Presse, disse que as notas que tomou durante a cimeira mostram que “o que foi dito na sala e lá fora não coincide”. “Disse a Matteo Renzi que não estou à frente de um bando de burocratas. Sou presidente da Comissão Europeia, uma instituição política, e quero que os primeiros-ministros respeitem essa instituição”, disse. Se o ex-presidente da Comissão José Manuel Durão “Barroso só tivesse ouvido burocratas, o orçamento de Itália teria sido tratado de maneira completamente diferente”, disse, depois de Bruxelas ter aceitado os projetos de orçamento italiano e francês.

Ao chegar à cimeira europeia de 23 e 24 de outubro, Matteo Renzi criticou a Comissão Barroso pela carta enviada ao seu governo sobre um “desvio importante” do orçamento italiano em relação às regras orçamentais europeias. O governo de Itália alterou depois o projeto de orçamento, prevendo reduzir o défice estrutural em 0,3% do PIB, contra 0,1% no projeto inicial.

Jean-Claude Juncker criticou igualmente a forma como David Cameron apresentou à opinião pública britânica a exigência de aumentar a contribuição britânica para o orçamento europeu em 2,1 mil milhões de euros devido ao aumento do PIB do Reino Unido. “Não é um problema britânico, é um problema de toda a UE, e devemos encontrar uma resposta geral. O impacto é maior no orçamento de alguns Estados que no do Reino Unido”, afirmou.

Todos os 28 Estados da UE contribuem para o orçamento europeu, de cerca de 135 mil milhões de euros anuais, através de contribuições nacionais correspondentes a uma percentagem do respetivo Produto Interno Bruto (PIB). As cimeiras europeias “são feitas para resolver os problemas, não para os amplificar”, disse Juncker.

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