Os Estados Unidos reconheceram esta quarta-feira mais uma vez terem “ultrapassado o limite” durante a “guerra contra o terror”, numa audiência em Genebra perante o Comité da ONU Contra a Tortura.

Mary McLeod, conselheira jurídica interina do Governo norte-americano, declarou que “os Estados Unidos estão orgulhosos do seu papel no respeito, promoção e defesa dos direitos humanos e da primazia da lei no país e no mundo”.

“Mas após os ataques de 11 de setembro (de 2001), lamentavelmente, nem sempre respeitámos os nossos próprios valores”, adiantou. Ultrapassámos o limite e assumimos a responsabilidade”, disse McLeod, citando o Presidente Barack Obama, perante os 10 membros do Comité Contra a Tortura.

McLeod integra uma delegação de cerca de 30 altos funcionários norte-americanos que se deslocaram a Genebra para, durante dois dias, responderem às perguntas do Comité, que analisa o caso dos Estados Unidos pela primeira vez desde 2006.

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Depois da eleição do Presidente Obama (iniciou o primeiro mandato em janeiro de 2009), Washington admitiu que a “guerra contra o terror” iniciada pelo presidente George W. Bush tinha levado a alguns abusos.

“Admitimos que nenhuma nação é perfeita, incluindo a nossa”, disse Keith Harper, embaixador dos Estados Unidos junto do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra.

Os membros do Comité fizeram inúmeras perguntas à delegação sobre o modo como os Estados Unidos tentavam corrigir tais abusos, pressionando-a nomeadamente para explicar porque é que a prisão de Guantánamo continuava aberta, com numerosos detidos sem acusação nem julgamento, e quando é que Washington contava encerrá-la.

A delegação foi ainda questionada sobre as condições de detenção daqueles presos e a ausência de compensações para as vítimas de abusos cometidos por soldados norte-americanos na prisão iraquiana de Abu Ghraib no início dos anos 2000.

Também foram feitas perguntas sobre a detenção de imigrantes ilegais, entre os quais menores, e sobre a violência policial contra as minorias.

O comité divulgará as suas conclusões a 28 de novembro.