Poucos dias depois das eleições legislativas de 2009, que retiraram a maioria absoluta a José Sócrates, Carlos Santos Silva saía do Grupo Lena. Já antes tinha constituído a empresa Proengel. Metade dos contratos foi celebrada durante os dois anos do último mandato de José Sócrates, no valor de 1,7 milhões de euros.

No total, de 2009 até hoje, em nome dessa empresa, celebrou 86 contratos no valor de 3,7 milhões de euros com entidades do setor público. Ou seja, em três anos e cinco meses do atual Executivo, a Proengel celebrou o mesmo número de contratos, 43, no valor de 2 milhões de euros.

Os clientes do setor público da empresa de projetos de engenharia são sobretudo câmaras municipais, mas também empresas do grupo Água de Portugal e a Estradas de Portugal. De acordo com os contratos públicos, entre 2009 e 2011, o período em que os dois coincidiram nos cargos, Santos Silva como administrador da empresa e José Sócrates como primeiro-ministro, a empresa ganhou 43 contratos com entidades do setor público.

Nos maiores contratos celebrados pela empresa do amigo de José Sócrates, que está detido para interrogatório, há um contrato com a câmara Municipal de Bragança no valor de 250 mil euros e de 205 mil euros com a Câmara Municipal de Borba. De resto, a empresa realizou contratos mais pequenos sobretudo com câmaras municipais e com a Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro e Águas do Zêzere e Côa. Da administração central há apenas um contrato público direto com o Instituto de Gestão Financeira e de Infra-estruturas da Justiça no valor de 18 mil euros.

Mas estes são apenas os valores dos contratos diretamente adjudicados com a Proengel porque o valor dos ganhos com obras do Estado é bastante superior, uma vez que a empresa de Santos Silva, é muitas vezes contratada pelo Grupo Lena e outras empresas que têm elas próprias vários contratos com o Estado. O Grupo Lena é aliás apelidado da “construtora do regime socrático e, de acordo com contas do jornal i, que foi detido pelo Grupo Lena, a construtora conseguiu contratos no valor de 151 milhões de euros.

De acordo com a informação que o Observador conseguiu recolher, Carlos Santos Silva, o homem apontado pelo Ministério Público como testa-de-ferro de José Sócrates, esteve no Grupo Lena pouco mais de um ano entre 2008 e 2009, saindo exatamente no mês seguinte às eleições legislativas que retiraram a maioria absoluta ao PS.

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