O Banco Central Europeu (BCE) vai avaliar “no início do próximo ano” se é necessário avançar com mais estímulos monetários para aumentar a taxa de inflação na zona euro. A declaração de Mario Draghi, no final da última reunião do conselho de governadores de 2014, acompanhou a divulgação de estimativas “significativamente” mais baixas para a inflação e para o crescimento económico.

A economia da zona euro deverá crescer 0,8% este ano, 1% em 2015 e 1,5% em 2016. São estimativas revistas pelo “staff” de técnicos do BCE que serão muito sensíveis à evolução dos preços do petróleo. Um fator em relação ao qual Mario Draghi diz que o BCE será “particularmente vigilante”, em parte porque a recente descida dos preços da energia pressiona a inflação negativamente e faz com que esta se afaste ainda mais do objetivo do banco central.

A taxa de inflação na zona euro voltou a descer em novembro, para 0,3%, segundo a primeira estimativa do Eurostat. É apenas uma fração dos “abaixo, mas perto de 2%” que corresponde ao objetivo do banco central. Uma inflação demasiado baixa é, ao mesmo tempo, uma causa e uma consequência de crescimento económico reduzido, cenário que tem sido comprovado pelos mais recentes indicadores.

Os técnicos do BCE passaram esta quinta-feira a prever uma taxa de inflação de 0,5% em 2014, 0,7% no próximo ano e 1,3% em 2016.

Nos últimos seis meses, o BCE cortou a taxa de juro duas vezes (para o mínimo histórico de 0,05% onde permaneceu esta quinta-feira), lançou um programa de empréstimos localizados a juros baixos e iniciou um plano de compra de dívida privada. O próximo passo será a compra de dívida pública, uma medida controversa mas que poderá ser a única forma de aumentar o balanço do BCE para os níveis desejados. Mario Draghi sublinhou esta quinta-feira que não será necessária unanimidade no conselho de governadores para avançar para um programa desse género.

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