O académico Benny Tai, cofundador do movimento “Occupy Central” que esteve na origem dos protestos pró-democracia em Hong Kong, instou os manifestantes a optarem por novos métodos de desobediência para fazerem pressão para a reforma eleitoral.

Os manifestantes pró-democracia incorrem no risco de confrontos violentos com a polícia se mantiverem os acampamentos nas ruas de Hong Kong, defendeu Benny Tai, num artigo de opinião publicado na quinta-feira no New York Times.

“A ocupação representa agora um risco elevado, com pouco retorno”, argumentou, defendendo que os manifestantes deviam optar por outros atos de “não-cooperação”, como recusarem-se a pagar impostos.

“A ocupação já conquistou o maior número de residentes de Hong Kong de sempre, e devemos considerar novas formas de convencer o público de que a luta pela democracia plena é do seu interesse”, continuou.

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Tai sublinhou que o recurso a outros métodos, como a recusa em pagar impostos ou atrasar o pagamento das rendas das habitações públicas, e obstruir o Conselho Legislativo (parlamento), juntamente com outros atos de não-cooperação, pode ser mais eficaz do que bloquear as estradas. “O bloqueio do governo pode ser ainda mais poderoso do que bloquear as estradas”, escreveu.

Ativistas estão acampados nas ruas de Hong Kong há mais de dois meses para exigir eleições totalmente livres para a liderança da Região Administrativa Especial chinesa. A China insiste que os candidatos às eleições para o chefe do Executivo, em 2017, devem ser pré-selecionados por um comité eleitoral, condição rejeitada pelos manifestantes.

Centenas de manifestantes pró-democracia entraram em confronto com a polícia na noite de domingo e manhã de segunda-feira junto à sede do governo, em Admiralty, local epicentro dos protestos, com agentes a lançarem gás pimenta e a carregarem com bastões sobre estudantes que tentaram forçar a entrada nos departamentos governamentais.

Num ato simbólico para pôr fim à ocupação, os três fundadores do ‘Occupy Central’- Benny Tai, Chan Kin-man e Chu Yiu-ming, entregaram-se às autoridades na quarta-feira — e saíram em liberdade sem qualquer acusação menos de uma hora depois –, mas diferentes grupos de manifestantes mantiveram os acampamentos em Admiralty e na zona comercial de Causeway Bay.